FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO!!
poeta, escritor, contista, jornalista, radialista, pesquisador e produtor cultural
sexta-feira, dezembro 19, 2008
posologia
da vida tenho provado
doses ousadas de paixões,
daquelas que marcam fundo,
mesmo que efêmeras,
daquelas que abrem caminhos
mesmo quando não levam
a lugar algum
tenho provado da vida
doses amargas de solidão,
daquelas que fazem da paixão
relógio de ponteiros cansados
da vida tenho provado
doses de sentimentos confusos
que as noites me servem
em goles desesperados
daqueles que viram tudo
de pernas pro ar
e depois se vão
no lamento do vento
tenho provado da vida
doses ousadas de paixão
mas do sonho,
eu sempre bebo a dose exata.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
da vida tenho provado
doses ousadas de paixões,
daquelas que marcam fundo,
mesmo que efêmeras,
daquelas que abrem caminhos
mesmo quando não levam
a lugar algum
tenho provado da vida
doses amargas de solidão,
daquelas que fazem da paixão
relógio de ponteiros cansados
da vida tenho provado
doses de sentimentos confusos
que as noites me servem
em goles desesperados
daqueles que viram tudo
de pernas pro ar
e depois se vão
no lamento do vento
tenho provado da vida
doses ousadas de paixão
mas do sonho,
eu sempre bebo a dose exata.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
"A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz".
FERREIRA GULLAR
FERREIRA GULLAR
FRAGILIDADE
Este verso, apenas um arabesco
em torno do elemento essencial - inatingível.
Fogem nuvens de verão, passam ares, navios, ondas,
e teu rosto é quase um espelho onde brinca o incerto movimento,
ai! já brincou, e tudo se fez imóvel, quantidades e quantidades
de sono se depositam sobre a terra esfacelada.
Não mais o desejo de explicar, e múltiplas palavras em feixe
subindo, e o espírito que escolhe, o olho que visita, a música
feita de depurações e depurações, a delicada modelagem
de um cristal de mil suspiros límpidos e frígidos: não mais
que um arabesco, apenas um arabesco
abraça as coisas, sem reduzi-las.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
in “A rosa do Povo”
Este verso, apenas um arabesco
em torno do elemento essencial - inatingível.
Fogem nuvens de verão, passam ares, navios, ondas,
e teu rosto é quase um espelho onde brinca o incerto movimento,
ai! já brincou, e tudo se fez imóvel, quantidades e quantidades
de sono se depositam sobre a terra esfacelada.
Não mais o desejo de explicar, e múltiplas palavras em feixe
subindo, e o espírito que escolhe, o olho que visita, a música
feita de depurações e depurações, a delicada modelagem
de um cristal de mil suspiros límpidos e frígidos: não mais
que um arabesco, apenas um arabesco
abraça as coisas, sem reduzi-las.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
in “A rosa do Povo”
A casa das palavras
É de palavras
a casa que teimosamente
construo ao longo destes anos
que se arrastam sob meus pés
cansados
Há nela cômodos de palavras inúteis,
algumas que insisti em dizer tantas vezes
e nunca me levaram a nada;
Há na minha casa cômodos de palavras
que evitei nestes anos todos
porque sequer me consolaram
quando os dias se vestiram de dor.
É de palavras
a casa que construo pacientemente
enquanto os anos se lançam
estrada afora
e se fazem saudade que dói
feito a palavra nunca mais.
Mas há nela um cômodo especial
onde guardo as palavras mais belas:
as primeiras do meu filho,
algumas que ficaram dos amigos
a quem a estrada se fez caminho de ida
por primeiro,
as últimas do meu pai
e algumas juras de amor
que ainda aquecem as minhas noites
de poucas palavras.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
É de palavras
a casa que teimosamente
construo ao longo destes anos
que se arrastam sob meus pés
cansados
Há nela cômodos de palavras inúteis,
algumas que insisti em dizer tantas vezes
e nunca me levaram a nada;
Há na minha casa cômodos de palavras
que evitei nestes anos todos
porque sequer me consolaram
quando os dias se vestiram de dor.
É de palavras
a casa que construo pacientemente
enquanto os anos se lançam
estrada afora
e se fazem saudade que dói
feito a palavra nunca mais.
Mas há nela um cômodo especial
onde guardo as palavras mais belas:
as primeiras do meu filho,
algumas que ficaram dos amigos
a quem a estrada se fez caminho de ida
por primeiro,
as últimas do meu pai
e algumas juras de amor
que ainda aquecem as minhas noites
de poucas palavras.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
terça-feira, dezembro 02, 2008
Na noite da última sexta-feira, dia 28 de novembro, fui agraciado com o Troféu Fernando Pessoa, entregue pelo Instituto Cultural Português de Porto Alegre a pessoas que se destacaram por sua atuação na divulgação da presença e da cultura portuguesa no estado do Rio Grande do Sul.
A solenidade, realizada no auditório da Ordem dos Advogados, também serviu para homenagear a passagem dos 120 anos de nascimento do poeta Fernando Pessoa.
Também foram agraciados com o troféu o deputado José Soares Sperotto, a vereadora Margarete Moraes, o vereador Ervino Besson, ambos do legislativo porto-alegrense, o prefeito de Bento Gonçalves Alcindo Gabrielli, o ator Jairo Klein, a senhora Cecília de Araújo Costa, da cidade de Taquari, o Restaurante Calamares e a Adega Dal Pizzol Vinhos Finos.
Jairo Klein, que está em cartaz nos palcos da capital com o espetáculo “Outros Eus”, fez o agradecimento em nome dos homenageados.
quarta-feira, novembro 26, 2008
DOAÇÃO DA MINHA COLEÇÃO DO PASQUIM
Sempre tive em mim, desde a infância, a vontade de ser jornalista. Era mais que uma vontade, como se fosse uma missão. E essa vontade aumentou vertiginosamente quando tive em mãos pela primeira vez um exemplar d’O PASQUIM. E desde então minha vida nunca mais foi a mesma.
Em 1973, em parceria com Vilmar Ribeiro e Oscar Biasin, fundamos o Jornal LACONICUS, que dirigi por 24 anos. E depois criei o GARATUJA, que de vez em quando ainda ressuscito em alguma edição especial. Mas O PASQUIM , de quem o LACONICUS era uma cópia agauchada, sempre foi a minha referência. E anos após ano fui colecionando-o, exemplar por exemplar. Tive o prazer de conhecer e até conviver com Henfil, Jaguar e Ziraldo, alguns dos seus fundadores e até os trouxe a Bento Gonçalves certa vez.
Porém, o problema de toda coleção é o espaço que ela ocupa e também o egoísmo da parte do colecionador, que acaba não permitindo que outras pessoas tenham acesso a ela, o que no caso d’O PASQUIM é um crime, tamanha a sua importância dentro da história da imprensa brasileira.
Foi pensando assim, e também por absoluta falta de espaço mas com uma dor danada no peito que, na semana que passou, dia 21 de novembro, decidi fazer a doação de quase todos os exemplares (menos dois) d’O PASQUIM para o acervo da Biblioteca Pública Castro Alves, aqui na minha cidade, Bento Gonçalves. Não poderia ter parado em melhores mãos. No registro fotográfico acima, o momento em que eu me despedia da minha coleção e passava para a diretora da Biblioteca Castro Alves, Eunice Pigozzo, o meu tesouro literário.
Sempre tive em mim, desde a infância, a vontade de ser jornalista. Era mais que uma vontade, como se fosse uma missão. E essa vontade aumentou vertiginosamente quando tive em mãos pela primeira vez um exemplar d’O PASQUIM. E desde então minha vida nunca mais foi a mesma.
Em 1973, em parceria com Vilmar Ribeiro e Oscar Biasin, fundamos o Jornal LACONICUS, que dirigi por 24 anos. E depois criei o GARATUJA, que de vez em quando ainda ressuscito em alguma edição especial. Mas O PASQUIM , de quem o LACONICUS era uma cópia agauchada, sempre foi a minha referência. E anos após ano fui colecionando-o, exemplar por exemplar. Tive o prazer de conhecer e até conviver com Henfil, Jaguar e Ziraldo, alguns dos seus fundadores e até os trouxe a Bento Gonçalves certa vez.
Porém, o problema de toda coleção é o espaço que ela ocupa e também o egoísmo da parte do colecionador, que acaba não permitindo que outras pessoas tenham acesso a ela, o que no caso d’O PASQUIM é um crime, tamanha a sua importância dentro da história da imprensa brasileira.
Foi pensando assim, e também por absoluta falta de espaço mas com uma dor danada no peito que, na semana que passou, dia 21 de novembro, decidi fazer a doação de quase todos os exemplares (menos dois) d’O PASQUIM para o acervo da Biblioteca Pública Castro Alves, aqui na minha cidade, Bento Gonçalves. Não poderia ter parado em melhores mãos. No registro fotográfico acima, o momento em que eu me despedia da minha coleção e passava para a diretora da Biblioteca Castro Alves, Eunice Pigozzo, o meu tesouro literário.
sábado, outubro 25, 2008
se eu pudesse moldar as manhãs
com minhas mãos de poeta
talvez elas tivessem as mesmas cores
mas certamente seriam diferentes
tiraria delas a pressa do ponteiro das horas
e também o cinza dos olhos
daqueles que enfrentam as ruas
se eu pudesse amassar com minhas mãos
o barro das manhãs
eu o moldaria ao meu jeito
certamente elas teriam os mesmos rostos,]
seríamos os mesmos a dividir o mesmo espaço
mas elas seriam diferentes
desarmaria espíritos
eliminaria labirintos
substituiria muros por pontes
e ensinaria a celebrar a vida
mesmo que ela amanheça todos os dias
pendurada por um mísero fio
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O grito por dentro das palavras”
com minhas mãos de poeta
talvez elas tivessem as mesmas cores
mas certamente seriam diferentes
tiraria delas a pressa do ponteiro das horas
e também o cinza dos olhos
daqueles que enfrentam as ruas
se eu pudesse amassar com minhas mãos
o barro das manhãs
eu o moldaria ao meu jeito
certamente elas teriam os mesmos rostos,]
seríamos os mesmos a dividir o mesmo espaço
mas elas seriam diferentes
desarmaria espíritos
eliminaria labirintos
substituiria muros por pontes
e ensinaria a celebrar a vida
mesmo que ela amanheça todos os dias
pendurada por um mísero fio
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O grito por dentro das palavras”
Fragilidade
Este verso, apenas um arabesco
em torno do elemento essencial - inatingível.
Fogem nuvens de verão, passam ares, navios, ondas,
e teu rosto é quase um espelho onde brinca o incerto movimento,
ai! já brincou, e tudo se fez imóvel, quantidades e quantidades
de sono se depositam sobre a terra esfacelada.
Não mais o desejo de explicar, e múltiplas palavras em feixe
subindo, e o espírito que escolhe, o olho que visita, a música
feita de depurações e depurações, a delicada modelagem
de um cristal de mil suspiros límpidos e frígidos: não mais
que um arabesco, apenas um arabesco
abraça as coisas, sem reduzi-las.
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
in “A rosa do Povo”
Este verso, apenas um arabesco
em torno do elemento essencial - inatingível.
Fogem nuvens de verão, passam ares, navios, ondas,
e teu rosto é quase um espelho onde brinca o incerto movimento,
ai! já brincou, e tudo se fez imóvel, quantidades e quantidades
de sono se depositam sobre a terra esfacelada.
Não mais o desejo de explicar, e múltiplas palavras em feixe
subindo, e o espírito que escolhe, o olho que visita, a música
feita de depurações e depurações, a delicada modelagem
de um cristal de mil suspiros límpidos e frígidos: não mais
que um arabesco, apenas um arabesco
abraça as coisas, sem reduzi-las.
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
in “A rosa do Povo”
do que fazer
Reinventar a vida
sempre que necessário
rever a infância
com os olhos do menino
que nunca encontrou a saída
de dentro de ti
reinventar o tempo
sempre que o relógio
parecer andar depressa demais
rever o verbo
toda vez que a palavra
não consola
ter sempre o sonho
na medida exata da pretensão
porque o poema sabe
da urgência da hora.
© Ademir Antonio Bacca
Reinventar a vida
sempre que necessário
rever a infância
com os olhos do menino
que nunca encontrou a saída
de dentro de ti
reinventar o tempo
sempre que o relógio
parecer andar depressa demais
rever o verbo
toda vez que a palavra
não consola
ter sempre o sonho
na medida exata da pretensão
porque o poema sabe
da urgência da hora.
© Ademir Antonio Bacca
sei que nada sei
sei que de paixão
pouco ou nada sei
mas faço de conta
que sei de tudo
dou palpites e me meto
onde não sou chamado
troco os pés pelas mãos
e quebro sempre a cara
porque isso de amar
é um novelo confuso
que a gente vai se enrolando
do jeito que dá.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
sei que de paixão
pouco ou nada sei
mas faço de conta
que sei de tudo
dou palpites e me meto
onde não sou chamado
troco os pés pelas mãos
e quebro sempre a cara
porque isso de amar
é um novelo confuso
que a gente vai se enrolando
do jeito que dá.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
sábado, agosto 30, 2008
Na minha terra se diz que quem tem parceiro é boi de canga. Não sei se pelas muitas coisas que puxamos juntos, um jornal, um programa de rádio, um projeto editorial, a verdade é que eu e HARY DALLA COLLETTA fomos parceiros sim por quase três décadas. Primeiro ele veio trabalhar comigo no Jornal LACONICUS, depois com ele publiquei onze livros de uma série folclórica que se tornou grande êxito de vendas em toda a nossa região, atravessou as fronteiras do estado e se espalhou por aí. Ele foi para o rádio antes, quando ainda estava no jornal. Fez um programa de música e folclore italiano de grande sucesso na época. Até então, o rádio não me atraía, só me pegaria muitos anos depois, quando o LACONICUS já encerrara o seu ciclo. Nas minhas folgas no “Programa Sem Nome”, quando eu tinha que viajar para algum evento cultural, era ele quem me substituía. Até que passou a fazer parte efetiva do programa e nele permaneceu até o início de 2007, quando deixamos o programa juntos.
Grande contador de histórias, dono de uma memória privilegiada que trazia a história de nossa cidade na ponta da língua, eterno insatisfeito, um homem de muitas dores físicas, sua voz calou para sempre na noite do último dia 28, vitimado por um câncer.
Primeiro a Dercy Gonçalves, depois o Hary... as coisas devem estar muito divertidas no outro lado da cerca.
Foi-se a parceria. Ficaram os livros, belas lembranças e tantas histórias ainda por contar.
sábado, agosto 16, 2008
DORIVAL CAYMMI
1914 - 2008
1914 - 2008
O Brasil ficou mais triste neste dia 16 de agosto, com a morte de DORIVAL CAYMMI, um dos grandes expoentes da música popular brasileira. Nascido na cidade de Salvador, no dia 30 de abril de 1914, Caymmi sempre foi um enaltecedor das coisas e dos costumes baianos e cantou como poucos as belezas e a gente da sua terra.
Compôs sua primeira música com dezesseis anos, mas seu primeiro sucesso veio com “O que é que a baiana tem”. Sua estréia como cantor e violonista se deu aos 20 anos, na rádio clube da Bahia. Aos 23 mudou para o Rio de Janeiro em busca de emprego como jornalista, onde trabalhou nos Diários Associados. Em junho de 1938 estreou na rádio, onde cantou “O que é que a baiana tem”, canção que impulsionou a carreira de Carmen Miranda no exterior. Ao longo dos anos compôs em torno de cem músicas, algumas delas incorporadas à seleta lista das mais importantes do cancioneiro brasileiro, entre elas “É doce morrer no mar”, “Oração de Mãe Menininha”, “Suíte dos Pescadores”, João Valentão”, “Maracangalha”, “Acalanto”, “Marina”, etc.
Arte: Gogue
ELVIS ARON PRESLEY nasceu no dia 8 de janeiro de 1935, em Fast Tupelo, no Mississipi. Estreou em 1954 e até sua morte, cumpriu uma trajetória fantástica no cenário da música mundial, tornando-se o rei do rock. Explorando a fantástica voz e movimentos sensuais do corpo, Elvis tornou-se rapidamente uma sensação internacional, mesmo tendo sofrido com o preconceito de uma sociedade conservadora como o era a americana naqueles anos. Passando por cima de todos os obstáculos, Elvis emplacou dezenas de músicas nas paradas de sucesso e além de iniciar uma nova era musical que influenciaria músicos de todos os continentes, tornou-se o primeiro mega star da música popular, arrebanhando uma legião incalculável de fãs que sobrevive até hoje, trinta e um anos após a sua morte, ocorrida no dia 16 de agosto de 1977.
31 ANOS SEM ELVIS
ELVIS ARON PRESLEY nasceu no dia 8 de janeiro de 1935, em Fast Tupelo, no Mississipi. Estreou em 1954 e até sua morte, cumpriu uma trajetória fantástica no cenário da música mundial, tornando-se o rei do rock. Explorando a fantástica voz e movimentos sensuais do corpo, Elvis tornou-se rapidamente uma sensação internacional, mesmo tendo sofrido com o preconceito de uma sociedade conservadora como o era a americana naqueles anos. Passando por cima de todos os obstáculos, Elvis emplacou dezenas de músicas nas paradas de sucesso e além de iniciar uma nova era musical que influenciaria músicos de todos os continentes, tornou-se o primeiro mega star da música popular, arrebanhando uma legião incalculável de fãs que sobrevive até hoje, trinta e um anos após a sua morte, ocorrida no dia 16 de agosto de 1977.
terça-feira, junho 24, 2008
A estrada e a canção
mesmo que a estrada
não dê no mar
e nem no alto da montanha
mesmo que ela passe
ao largo do rio
e faça tantas curvas
antes de chegar ao seu destino,
não importa aonde ela vai dar:
na verdade,
nós sempre voltamos ao mesmo lugar
é a velha canção da infância
quem costura as nossas lembranças
é o murmurar das mesmas palavras de sempre
quem acalenta os nossos sonhos mais caros
mesmo que a estrada nunca passe
por todos os lugares
onde planejamos um dia parar,
ainda acordo todos os dias
cantando aquela velha canção.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “Grito por dentro das palavras”
mesmo que a estrada
não dê no mar
e nem no alto da montanha
mesmo que ela passe
ao largo do rio
e faça tantas curvas
antes de chegar ao seu destino,
não importa aonde ela vai dar:
na verdade,
nós sempre voltamos ao mesmo lugar
é a velha canção da infância
quem costura as nossas lembranças
é o murmurar das mesmas palavras de sempre
quem acalenta os nossos sonhos mais caros
mesmo que a estrada nunca passe
por todos os lugares
onde planejamos um dia parar,
ainda acordo todos os dias
cantando aquela velha canção.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “Grito por dentro das palavras”
A tradicional Feira do Livro de Ribeirão Preto, realizada sempre no mês de junho, mais uma vez contou em sua programação com sessão de autógrafos de antologias publicadas pelo Congresso Brasileiro de Poesia. Neste ano foram duas: o volume 6 de “Poesia do Brasil” e “Contos Mínimos, Idéias Máximas”. Depois dos autógrafos, pit-stop obrigatório na Cervejaria Pinguim para recarregar as baterias. Dividiram o momento comigo: Salete Henkes, Telma da Costa, Lourenço de Bem, Jeanne Mas, Rosa de Britto Cosenza e Eunice Dias.
Queria entender-se nas noites serenas onde as lembranças que lhe pousavam na pele eram carícias de ondas tranqüilas à beira-mar.
Sono doce de algodão, ausente o desalento das outras noites de mar revolto, as lembranças galopando pelo corpo, traçando uma rota de fogo e desejo que nenhum outro corpo, nenhum outro abraço, nenhum outro beijo, conseguiria acalmar.
Queria entender o segredo das fragilidades.
(do livro “Pelo Avesso”)
As meninas Emanuelle e Thainá, indicadas pelo Congresso Brasileiro de Poesia, foram escolhidas as “Amigas do Livro/2008” e receberam, durante a 23ª Feira do Livro de Bento Gonçalves, o Troféu Adyles Ros de Souza. Criadoras da Biblioteca Comunitária Mario Quintana, aberta gratuitamente aos moradores do Bairro Universitário diariamente na parte da tarde, Emanuelle e Tainá não apenas se transformaram no centro das atenções da feira, como também despertaram o interesse da mídia de toda a região e do estado. O fato inédito de duas meninas, uma com dez e a outra com onze anos, de abrir uma biblioteca comunitária no porão da casa de uma delas, tornou-se um exemplo de que investir na formação de novos leitores é um caminho que deve ser levado a sério pelos nossos dirigentes políticos.
Entusiasmadas com as doações que poetas integrantes do Congresso Brasileiro de Poesia fizeram a partir de convocação geral feita pela coordenação do evento, as meninas viram o acervo da pequena biblioteca crescer de forma impressionante. O que eram pouco mais de cem livros no início, quase chegam a três mil atualmente.
Durante a Feira do Livro, estivemos visitando a Biblioteca Mario Quintana, quando o patrono Airton Ortiz fez a doação de uma caixa de livros, inclusive um belíssimo e raro exemplar sobre a vida do poeta maior do Rio Grande do Sul, que Emanuelle e Tainá homenagearam com o nome da sua biblioteca.
Participaram da visita também o vice-prefeito de Bento Gonçalves, Jaury da Silveira Peixotto, e a Coordenadora da Biblioteca Castro Alves, Eunice Pigozzo.
Outro reencontro muito agradável foi com o escritor IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO, também antigo apoiador de nossos projetos. Na verdade, Loyola foi o primeiro escritor fora do estado gaúcho a incentivar o movimento literário de Bento Gonçalves, que ainda engatinhava no início dos anos 80. Seu livro “Zero” liderava a lista dos mais vendidos no eixo Rio-São Paulo quando ele esteve autografando aqui pela primeira vez. Depois foram tantas outras vezes, o que acabou por transformá-lo em um patrono ‘honorário’ da nossa feira.
Feira do Livro sempre é sinônimo de reencontros. A de Bento Gonçalves, todo ano tem me proporcionado a oportunidade de rever alguns escritores que têm acompanhado o processo cultural em que estamos envolvido ao longo dos anos, especialmente o Congresso Brasileiro de Poesia. O poeta AFFONSO ROMANO DE SANT’ANNA foi um dos primeiros apoiadores do evento e inclusive esteve na primeira edição do congresso, realizada em Nova Prata, no ano de 1990. Grande poeta e acima de tudo um grande amigo que a poesia colocou em meu caminho.
quinta-feira, março 20, 2008
da condição do poema
o poema
não pode ser
só um poema
tem que ser mais,
estrada a seguir,
mapa para se situar
o poema
tem que ser mais
que só um poema
tem que ser a faca que sangra,
tem que ser o álibi que salva
o poema
não pode ser
só palavra que consola
no meio da noite
tem que ser porta aberta
a todos os sonhos
tem que ser porto aberto
para todos os barcos
o poema
na madrugada
tem que ser mais
que caminho para o amanhecer
tem que ser corpo
para todos os abraços,
trama e surpresa
o poema
não pode ser
só um poema
no fim da estrada,
tem que ser mais,
tem que ser ponte
entre a paixão e a palavra,
tem que ousar e ir em frente
todo poema
tem que soltar as amarras
e voar
todo poema
tem que destruir muros
e remendar esperanças
tem que ter a força dos insensíveis
e a delicadeza daqueles que apostam
em novas manhãs.
o poema
não pode ser
só um poema
tem que ser mais,
tem que ter a precisão
de bala perdida
e acertar em cheio
o peito de quem o lê
senão, não é
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
o poema
não pode ser
só um poema
tem que ser mais,
estrada a seguir,
mapa para se situar
o poema
tem que ser mais
que só um poema
tem que ser a faca que sangra,
tem que ser o álibi que salva
o poema
não pode ser
só palavra que consola
no meio da noite
tem que ser porta aberta
a todos os sonhos
tem que ser porto aberto
para todos os barcos
o poema
na madrugada
tem que ser mais
que caminho para o amanhecer
tem que ser corpo
para todos os abraços,
trama e surpresa
o poema
não pode ser
só um poema
no fim da estrada,
tem que ser mais,
tem que ser ponte
entre a paixão e a palavra,
tem que ousar e ir em frente
todo poema
tem que soltar as amarras
e voar
todo poema
tem que destruir muros
e remendar esperanças
tem que ter a força dos insensíveis
e a delicadeza daqueles que apostam
em novas manhãs.
o poema
não pode ser
só um poema
tem que ser mais,
tem que ter a precisão
de bala perdida
e acertar em cheio
o peito de quem o lê
senão, não é
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
sexta-feira, março 07, 2008
gritos por dentro das palavras
que gritos
esconde por dentro
a palavra quando cala?
que emoções
prende dentro de si
o coração quando para?
que medos
traz escondidos em si
o corpo quando fala?
que palavras
esconde a língua
quando não fala?
que mistérios
esconde a noite
quando ela absorve o dia?
que segredos
escondem as janelas
quando se fecham, caladas,
ante nossos passos?
tantos gritos
tantas emoções
tantos medos
tantos mistérios
tantos segredos
tantas palavras
aprisionados
dentro de cada corpo
que cala
© Ademir Antonio Bacca
do livro”Gritos por dentro das palavras”
que gritos
esconde por dentro
a palavra quando cala?
que emoções
prende dentro de si
o coração quando para?
que medos
traz escondidos em si
o corpo quando fala?
que palavras
esconde a língua
quando não fala?
que mistérios
esconde a noite
quando ela absorve o dia?
que segredos
escondem as janelas
quando se fecham, caladas,
ante nossos passos?
tantos gritos
tantas emoções
tantos medos
tantos mistérios
tantos segredos
tantas palavras
aprisionados
dentro de cada corpo
que cala
© Ademir Antonio Bacca
do livro”Gritos por dentro das palavras”
Os poetas místicos são filósofos doentes,
E os filósofos são homens doidos.
Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.
Mas as flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.
ALBERTO CAEIRO
E os filósofos são homens doidos.
Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.
Mas as flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.
ALBERTO CAEIRO
sábado, fevereiro 16, 2008
quarta-feira, fevereiro 13, 2008
A FORÇA DA PALAVRA
© LAURO KISIELEWICZ
A palavra tem uma força descomunal...
contém uma energia, sobrenatural...
Tanto agride e desconcerta
quanto consola na hora certa...
Mal usada desencaminha e destrói
Bem aplicada, orienta e reconstrói...
precipitada, magoa e ofende
refletida, é escudo que defende...
Pode muito mais do que se imagina,
Deprime, mas acaba com a rotina;
Desfaz crenças e desperta a Fé;
Desencaminha e também orienta;
Liberta, aprisiona, apascenta...
Propala engodo, mostra verdade...
Expressa ódio, indiferença, calor
Liberando a energia nela contida
podemos modificar nossa vida,
externando positivamente
de forma clara e consistente
que queremos, podemos e devemos
Viver em Paz e com Amor!
Crendo, realizar-se-á,
Pela força que na Palavra há!
© LAURO KISIELEWICZ
A palavra tem uma força descomunal...
contém uma energia, sobrenatural...
Tanto agride e desconcerta
quanto consola na hora certa...
Mal usada desencaminha e destrói
Bem aplicada, orienta e reconstrói...
precipitada, magoa e ofende
refletida, é escudo que defende...
Pode muito mais do que se imagina,
Deprime, mas acaba com a rotina;
Desfaz crenças e desperta a Fé;
Desencaminha e também orienta;
Liberta, aprisiona, apascenta...
Propala engodo, mostra verdade...
Expressa ódio, indiferença, calor
Liberando a energia nela contida
podemos modificar nossa vida,
externando positivamente
de forma clara e consistente
que queremos, podemos e devemos
Viver em Paz e com Amor!
Crendo, realizar-se-á,
Pela força que na Palavra há!
domingo, janeiro 27, 2008
quarta-feira, janeiro 23, 2008
Salvador Dali, o maior ícone da pintura surrealista, nasceu em 11 de maio de 1904, na cidade espanhola de Figueras, região que foi também uma espécie de pano de fundo para grande parte de sua obra. Tornou-se uma figura popular com aqueles bigodes enormes. Era artista e showman na divulgação da própria obra. Em 1922 obteve o reconhecimento da Associação Catalã de Arte e no mesmo ano matriculou-se na Escola de Belas Artes de Madrid, onde ficou até 1926, conhecendo Frederico Garcia Lorca, Luís Brunuel. Foi estudar pintura em Madri (1921-1926) quando já possuía boa bagagem artística. Foi nessa época que fez amizade com o poeta Lorca. Sua primeira exposição individual aconteceu em 1925, na Galeria Dalmau (Barcelona).
Surrealista desde 1928 (ano em produziu, com Buñuel, o filme "Un perro andaluz" e se incorporou ao grupo surrealista em Paris). Em 1938, fiel ao mesmo tipo de pintura, modificou sua orientação temática. Casou-se com Gala Eluard , que além de ser a musa inspiradora, foi uma grande colaboradora e organizadora de seus afazeres. Sua melhor produção é considerada a que pintou entre os anos 29-39, quando criou suas obras mais famosas. Conferiu à sua obra sempre uma aparência acadêmica com impecável precisão fotográfica.
O início da Segunda Guerra Mundial e a vitória dos alemães sobre a França, em 1940, levaram Dalí a fugir para os EUA, onde ficou oito anos. A América também despertou seu lado exibicionista, tornando-o uma super-celebridade.
Porém, os últimos anos de Salvador Dalí foram obscurecidos por um distanciamento de Gala, que morreu em 1982. Em 1986 sofreu graves queimaduras por causa de um incêndio, ocorrido em seu quarto. A partir de então viveu prostrado em uma cama na torre do Museu de Figueres até a sua morte, em 20 de janeiro de 1989, anos 84 anos de idade. Seu corpo embalsamado está enterrado em uma tumba sob a cúpula do Museu de Figueres.
Surrealista desde 1928 (ano em produziu, com Buñuel, o filme "Un perro andaluz" e se incorporou ao grupo surrealista em Paris). Em 1938, fiel ao mesmo tipo de pintura, modificou sua orientação temática. Casou-se com Gala Eluard , que além de ser a musa inspiradora, foi uma grande colaboradora e organizadora de seus afazeres. Sua melhor produção é considerada a que pintou entre os anos 29-39, quando criou suas obras mais famosas. Conferiu à sua obra sempre uma aparência acadêmica com impecável precisão fotográfica.
O início da Segunda Guerra Mundial e a vitória dos alemães sobre a França, em 1940, levaram Dalí a fugir para os EUA, onde ficou oito anos. A América também despertou seu lado exibicionista, tornando-o uma super-celebridade.
Porém, os últimos anos de Salvador Dalí foram obscurecidos por um distanciamento de Gala, que morreu em 1982. Em 1986 sofreu graves queimaduras por causa de um incêndio, ocorrido em seu quarto. A partir de então viveu prostrado em uma cama na torre do Museu de Figueres até a sua morte, em 20 de janeiro de 1989, anos 84 anos de idade. Seu corpo embalsamado está enterrado em uma tumba sob a cúpula do Museu de Figueres.
No país do futebol, palco por onde desfilaram alguns dos maiores craques de todos os tempos, berço de Pelé, o melhor de todos, alguns privilegiados tiveram o prazer de ver em ação um anjo de pernas tortas cujo futebol encantou o mundo, embora sua estrela tenha se apagado precocemente. Manoel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha, nasceu na cidade de Magé, no dia 18 de outubro de 1933. Vestindo a camiseta do Botafogo e da seleção brasileira, conquistou títulos e a glória, garantindo escalação na galeria dos craques de todos os tempos. Mas ele que driblou tantos laterais, acabou parado pela bebida que o afastou precocemente dos estádios, ofuscando a glória conquistada dentro do gramado. Morreu vitimado pela cirrose no dia 20 de janeiro de 1983 e nunca mais o mundo redescobriu a magia e o talento daquelas pernas tortas.
quarta-feira, janeiro 02, 2008
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