Arte: Amarildo
poeta, escritor, contista, jornalista, radialista, pesquisador e produtor cultural
quarta-feira, novembro 18, 2015
quarta-feira, novembro 11, 2015
sexta-feira, outubro 23, 2015
Um gaúcho na corte do rei
® Ademir Antonio Bacca
Pelé marcou o seu gol número 1090 depois de uma tabelinha
que fez a torcida do Santos pensar que o rei do futebol tinha reencontrado seu
companheiro Coutinho. Era o segundo gol do time santista contra o Boca Juniors,
da Argentina, que a torcida venezuelana, mais de trinta mil pessoas nas
arquibancadas, assistia em Caracas.
Só que tabelando ao lado de Pelé não estava o lendário
camisa nove santista Coutinho e sim Lairton, centro-avante do Clube Esportivo Bento
Gonçalves emprestado ao Santos. O mesmo Lairton que poucos meses antes havia
marcado quatro dos cinco gols que o time de Enio Andrade aplicara no Grêmio de
Oto Glória.
Contratado por empréstimo pelo Santos, Lairton apresentou-se
na Vila Belmiro quando o time santista excursionava pelos Estados Unidos. Seu
primeiro contato com Pelé & Cia., sem nenhum treino, foi naquele dia 25 de
agosto de 1971, em Caracas.
No segundo tempo, Pelé retribuiria o passe e Lairton
marcaria seu primeiro gol com a camisa do peixe.
Mas durou pouco o sonho do gaúcho de Santa Cruz na corte do
rei. Ao fim do empréstimo, o Santos considerou muito alto o preço pedido pela
diretoria do Esportivo pelo passe do atacante, que no ano seguinte defenderia o
Grêmio e depois abandonaria o futebol para gerenciar um hotel em Santa Cruz do
Sul.
* Do livro em preparo "Janelas da Memória"
quinta-feira, setembro 03, 2015
quarta-feira, julho 08, 2015
E POR FALAR NO "BEATLES DAY"...
Fazendo algumas anotações para o papo que eu e Claudio Troian
temos agendado para a tarde da próxima sexta-feira no Instituto
Federal, sobre o sacode que os Beatles deram na nossa geração aqui em
Bento e na região, me deparo com aquela situação comum que muitas vezes
acontece a qualquer um de nós, o tal do questionamento "...E SE?"
Sim,
se eu tivesse ido, se eu tivesse dito sim (ou não), se eu tivesse
apostado... e por aí vai.
No caso deste momento,
nesta tarde fria e chuvosa, duas são as questões, ambas ligadas aos
Beatles:
1 - E se Stuart Sutcliffe, o Stu, ao invés de escolher o amor
de Astrid Kirchherr e abandonado os Beatles em Hamburgo tivesse
permanecido na banda? ...
2 - E se Pete Best não tivesse sido
substituído por Ringo Starr?
Stu não viveu o suficiente para ver o
sucesso dos seus amigos e morreu um dia antes do retorno dos Beatles a
Hamburgo.
Pete Best carrega até hoje a mágoa de ter sido excluído da
banda por seus amigos. Muitos se referem a ele como 'o quinto beatle',
outros dizem que o quinto seria "Briam Epstein", mas para Lennon o
quinto beatle sempre foi "Stu", por quem muitos biógrafos garantem que
ele nutria uma paixão platônica.
quinta-feira, junho 25, 2015
O RIO GRANDE PERDE UM DOS SEUS MAIORES TALENTOS
Morreu em
Porto Alegre, na noite desta quarta-feira, o tradicionalista,
pesquisador, compositor e radialista ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES, ou apenas
Nico, como ele preferia ser chamado, autor, entre outras, de "Canto
Alegretense", uma das músicas mais gravadas no sul do país.
Nascido na localidade de Inhanduí, no interior de Alegrete, em 1934, tornou-se uma das figuras de maior referência do tradicionalismo gaúcho e era reconhecido como uma das maiores autoridades em folclore do Rio Grande do Sul.
Tive o prazer de desfrutar da sua amizade e de conviver com ele em diversas oportunidades especiais. Numa delas, involuntariamente fui o causador da sua reaproximação com o poeta Mario Quintana, seu conterrâneo, com quem ele estava rompido havia muitos anos. O motivo da desavença havia sido uma declaração infeliz do poeta de que aqueles que nasciam em Alegrete ou "eram fazendeiros ou eram bois". Nico ficou injuriado e dizia as quatro ventos que era do Alegrete e não era nem fazendeiro e nem boi. Indignado, havia riscado o nome de Quintana da sua lista de amigos.
Em 1988, estávamos prestes a inaugurar a Biblioteca de Serafina Corrêa e havíamos decidido batizá-la com o nome do grande poeta. Agendei um encontro com ele e - sem imaginar que eles estivessem rompidos - convidei o Nico para nos acompanhar.
A princípio ele recusou:
- Tô de mal com aquele velho!
Meia hora depois me ligou dizendo que iria:
- Ele já está passado nos anos e não quero que ele morra sem fazer as pazes com ele.
E então fomos: eu, ele e a sua namorada na época, Guiga, com quem ele viria a casar poucos meses depois, mais Jonalda Fornari, então Secretária de Educação de Serafina Correa e o poeta Rossyr Berny.
Foi bonito ver o abraço de reconciliação que Nico e Quintana trocaram naquela manhã fria de inverno em Porto Alegre, numa manhã que me foge a data, mas com certeza o mês era junho de 1988. Abaixo o flagrante do momento em que Mario Quintana lia o decreto que dava o seu nome à Biblioteca Municipal da cidade onde nasci.
Nascido na localidade de Inhanduí, no interior de Alegrete, em 1934, tornou-se uma das figuras de maior referência do tradicionalismo gaúcho e era reconhecido como uma das maiores autoridades em folclore do Rio Grande do Sul.
Tive o prazer de desfrutar da sua amizade e de conviver com ele em diversas oportunidades especiais. Numa delas, involuntariamente fui o causador da sua reaproximação com o poeta Mario Quintana, seu conterrâneo, com quem ele estava rompido havia muitos anos. O motivo da desavença havia sido uma declaração infeliz do poeta de que aqueles que nasciam em Alegrete ou "eram fazendeiros ou eram bois". Nico ficou injuriado e dizia as quatro ventos que era do Alegrete e não era nem fazendeiro e nem boi. Indignado, havia riscado o nome de Quintana da sua lista de amigos.
Em 1988, estávamos prestes a inaugurar a Biblioteca de Serafina Corrêa e havíamos decidido batizá-la com o nome do grande poeta. Agendei um encontro com ele e - sem imaginar que eles estivessem rompidos - convidei o Nico para nos acompanhar.
A princípio ele recusou:
- Tô de mal com aquele velho!
Meia hora depois me ligou dizendo que iria:
- Ele já está passado nos anos e não quero que ele morra sem fazer as pazes com ele.
E então fomos: eu, ele e a sua namorada na época, Guiga, com quem ele viria a casar poucos meses depois, mais Jonalda Fornari, então Secretária de Educação de Serafina Correa e o poeta Rossyr Berny.
Foi bonito ver o abraço de reconciliação que Nico e Quintana trocaram naquela manhã fria de inverno em Porto Alegre, numa manhã que me foge a data, mas com certeza o mês era junho de 1988. Abaixo o flagrante do momento em que Mario Quintana lia o decreto que dava o seu nome à Biblioteca Municipal da cidade onde nasci.
sexta-feira, maio 29, 2015
VIDA E MORTE
© SÉRGIO NAPP
1939 – 2015
Então
isto é a vida: esta faixa rajada de vermelho que encerra o dia? Este resto de
arco-íris depois da chuva mansa? A aragem embalando as folhas que se desprendem
das árvores nas calmas manhãs de sol? E o homem a que responde a tudo isto?
Deixa-se em contemplação? Mede-se o seu espanto pela alegria ou pelo medo? O
que é o medo? Algo que não se pode medir? Um ponto escuro em que os olhos
se fecham para que nada se veja? A morte?
Ah, a
morte, em que momento ela se confronta com a vida? Em que momento elas disputam
a primazia sobre o corpo à sua frente? Serão inimigas? A vida é mais
harmoniosa, embora, sem dúvida, a morte seja a mais forte. O homem se assusta
com a morte e tenta, de todas as formas, lhe escapar. A morte o cerca de forma
inexorável. A morte possui toda a paciência do mundo. Com a paciência, que só
ela possui, o espreita, enquanto apara as unhas e corrige as cutículas.
Pesquisas
demonstram que se escrevermos sobre nossas aflições e nossa possibilidade de
morrer, a vida tem uma chance. Pequena, claro, mas enfim.
E sobre
o que deveremos escrever? Experiências, dores, medos, ambiguidades? Depende de
cada um. De como sentimos a proximidade desta senhora. Você tem um câncer?
Escreva. Tem uma cardiopatia grave? Escreva. Dizem que o fato de escrever sobre
ou não, diminui as possibilidades. Em tese, ela não me assusta, pois o caminho
é inexorável. Entretanto, as circunstâncias nos fazem refletir. A vida sempre
estará por perto nos dando uma esperança. A morte, não. Não há esperanças na
morte.
Neste
momento ela é meu tema (talvez porque eu a adivinhe?), enquanto amanhã, quem
sabe, considere este tema uma grande bobagem. Quem sabe, seja uma radiosa manhã
de sol e eu saia para um passeio de bicicleta. Quem sabe, logo adiante, ela se
ponha à minha frente?
Estamos
sempre entre uma e outra, queiramos ou não.
Morrer
de repente é o prazer do homem, viver é seu objetivo.
A morte
anda, a morte é.
E a
vida?
O que
cada uma nos reserva não sabemos e, se soubéssemos, o sentido entre elas
perderia importância.
segunda-feira, abril 13, 2015
Morre o escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano, aos 74 anos
Autor de 'As veias abertas da América Latina' estava internado por complicações decorrentes de um câncer de pulmão
by Andres Stapff / Reuters
Morreu na
manhã desta segunda-feira, aos 74 anos, o escritor e jornalista uruguaio
Eduardo Galeano, em Montevidéu. Ele teve complicações decorrentes de um câncer
de pulmão, diagnosticado em 2007, e estava internado no Centro de Assistência
do Sindicato Médico do Uruguai desde sexta-feira.
Galeano
escreveu mais de 50 livros (traduzidos para cerca de 20 idiomas), entre
documentários, ficções e obras jornalísticas, e tinha o futebol, as mulheres, a
cultura e o continente latino-americano como principais temas de interesse. Sua
obra mais famosa foi "As veias abertas da América Latina", que, desde
sua publicação, em 1971, se converteu em um clássico da literatura política do
continente. Entre os livros notáveis do uruguaio, está também a trilogia
"Memória do fogo".
"A
utopia serve para caminhar. Um sentido 'até sempre' para quem foi um mestre de
várias gerações", publicou, no Twitter, o senador e ex-chanceler do
Uruguai Luis Almagro. "A morte de Eduardo Galeano impacta e dói. Ninguém
pode preparar uma descrição tão poética do futebol quanto ele", comentou o
jornalista esportivo uruguaio Martin Charquero.
A
ex-senadora colombiana Piedad Córdoba Ruiz destacou o lado político do
escritor: "Os pobres do mundo perdem um de seus grandes defensores.
Descanse em paz, mestre Eduardo Galeano, e aqui seguiremos sua luta.
#Tristeza", postou.
Nascido
no dia 3 de setembro de 1940, aos 14 anos já vendia caricaturas para jornais de
Montevidéu. Nos anos 1960, como jornalista, trabalhou no semanário
"Marcha" e no diário "Época". Porém, antes de se tornar um
jornalista e líder intelectual da esquerda, Galeano trabalhou como operário de
fábrica, desenhista, pintor, office boy, datilógrafo, caixa de banco, entre
outras ocupações.
Por conta
do golpe militar uruguaio, Galeano deixou o país em 1973 e passou a morar na
Argentina, onde fundou uma revista cultural chamada "Crisis". Quando
voltou ao Uruguai, treze anos depois, criou o semanário "Brecha".
"Se
foi Eduardo Galeano, fundador e referência do nosso semanário, integrante do
Conselho Consultivo e colaborador assíduo de suas páginas", publicou o
perfil do "Brecha" no Twitter.
Nos
últimos meses, se dedicava a editar um novo livro chamado "Mujeres",
que será lançado na quinta-feira, na Espanha. Trata-se de uma seleção de contos
e relatos de Galeano dedicados a personagens femininos, sejam elas anônimas ou
mundialmente famosas (como Sherazade e Marilyn Monroe). A capa é ilustrada por
quatro esculturas artesanais feitas em Olinda e escolhidas por Galeano, que
também supervisionou a edição dos textos.
"A
única maneira para que a história não se repita é mantendo ela viva",
escreveu certa vez o uruguaio. Depois do exílio, se não estava viajando, era
fácil encontrar Galeano vagandos pelas ruas de Montevidéu ou sentado ao redor
de uma das mesas do Café Brasileiro, na Cidade Velha, onde ordenava suas ideias
ou participava de conversas com amigos e estranhos.
Em 2009,
durante a Cúpula das Américas, o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez,
presenteou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com um exemplar do
livro de Galeano (censurado pelas ditaduras do Uruguai, Argentina e Chile). Por
conta da ocasião, em um dia, o livro pulou da 60.280ª para a décima posição na
lista dos mais vendidos da Amazon.
Questionado
sobre o episódio, Galeano respondeu que "nem Obama e nem Chávez
entenderiam o texto. Ele (Chávez) entregou a Obama com as melhores intenções,
mas lhe deu um livro em um idioma que Obama não conhece. Então, foi um gesto
generoso, mas um pouco cruel".
AUTOR
DIZIA QUE 'VEIAS ABERTAS' FICARA NO PASSADO
Galeano
lançou "As veias abertas da América Latina" aos 31 anos e reconheceu
posteriormente que ainda não tinha formação suficente para finalizar a tarefa
naquela época.
Uma prova
disso é que, durante entrevista coletiva em Brasília, em 2014, quando foi
homenageado pela 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, o autor surpreendeu a
todos ao manifestar publicamente algumas reservas em relação à sua obra.
"Eu não seria capaz de ler de novo esse livro, cairia desmaiado",
declarou, para espanto geral dos jornalistas presentes.
Segundo
registrou a jornalista Cynara Menezes em seu blog "Socialista
Morena", o uruguaio não poupou críticas ao conteúdo de "Veias
abertas", quatro décadas depois da sua primeira edição: "Depois de
tantos anos, não me sinto tão ligado a esse livro como quando o escrevi. O
tempo passou, comecei a tentar outras coisas, a me aproximar mais à realidade
humana em geral e em especial à economia política — porque 'As veias abertas'
tentou ser um livro de economia política, só que eu ainda não tinha a formação
necessária. Não estou arrependido de tê-lo escrito, mas é uma etapa
superada", complementou o autor, classificando a prosa de esquerda
tradicional de "chatíssima".
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/livros/morre-escritor-jornalista-uruguaio-eduardo-galeano-aos-74-anos-15856331#ixzz3XF0xOfZZ
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