segunda-feira, maio 11, 2009

Arte: Olbinski

encantamento

contemplo em silêncio
teu corpo inerte
que o claro de lua
revela
na noite insone

nenhum galo cantor
nenhuma música vindo de longe
a quebrar o encanto dos meus olhos

só o silêncio
e o movimento
dos meus dedos
desenhando o mapa
do teu corpo

© Ademir Antonio Bacca
do livro: “Grito por dentro das palavras”

Arte: Fraga
“Não faço poesia
quando quero
e sim quando ela,
poesia, quer.”

MANUEL BANDEIRA
(19/04/1886 – 13/10/1968)

"Abstrato 0255-b" © adebach/2007


Arte: Carlin
“Eu acho a televisão muito educativa.
Toda vez que alguém a liga,
eu vou para a outra sala
e leio um livro.”

Groucho Marx
(02/10/1890 – 19/08/1977)
resoluções de ano novo

colorir o poema
com a tua imagem
entrar no túnel do tempo
em busca do que ficou
para trás

rever o cálculo do sonho
e navegar nas águas
de todas as paixões

ter a pressa do relógio
que bate descompassado
dentro de mim
toda vez que te vê

buscar atalhos
entre o arame e o trapézio
e equilibrar a emoção

mapear a nudez do teu corpo
para gravar na memória
as raízes de tanto querer

insistir na busca das palavras
com a certeza de saber
que cabem todos os poemas
dentro de mim

© Ademir Antonio Bacca
do livro: “Grito por dentro das palavras”
Arte: Angel Boligán

Balada para Théo (II)

quebre a cara
quebre a regra
canse o corpo
dome o tempo
dobre a noite
rompa as madrugadas
mas não deixe quebrar
nunca
a casca que protege
os teus sonhos
de menino

© Ademir Antonio Bacca
do livro: “Grito por dentro das palavras”

Arte: Fraga
AS PALAVRAS SÃO NOVAS

© JOSÉ SARAMAGO

As palavras são novas: nascem quando
No ar as projetamos em cristais
De macias ou duras ressonâncias

Somos iguais aos deuses, inventando
Na solidão do mundo estes sinais
Como pontes que arcam as distâncias.
na madrugada
que se equilibra
em precárias luzes
rumino em silêncio
uma dor que nem sei
ao certo aonde dói

(se na manchete dos jornais
ou na indiferença do teu beijo)

carrossel desgovernado
girando dentro de mim
sem me levar a lugar nenhum
remôo calado
desassossegos que me inquietam

(não sei se pelo galo que não canta
ou se pela palavra que não vem)

© Ademir Antonio Bacca
do livro: “Grito por dentro das palavras”