segunda-feira, março 26, 2007

Arte: "Summer Season" © Homo Novus

da impotência

Nada a dizer
ante os teus
olhos tristes.

Nada a fazer
ante os teus
lábios mudos.

© Ademir Antonio Bacca
Arte: "a boys dream" © Ben Goossens

Arte: Willian
GRACILIANO RAMOS nasceu em Quebrangulo, Alagoas, em 27 de outubro de 1892. Em 1933, publica “Caetés” e no ano seguinte, “São Bernardo”. Preso em 1936, acusado de ser comunista, deixa a prisão em 1937. Em 1938, publica “Vidas Secas”. Seis anos depois “Histórias de Alexandre” chega às livrarias. No ano seguinte, publica o livro de memórias “Infância” e em 1947 sai “Insônia”.
Morre no dia 20 de março de 1953. Postumamente foram publicados “Viagem” e aquele que seria, ao lado de “Vidas Secas”, o seu livro mais famoso, “Memórias do Cárcere”. Nos anos 60, outros dois livros de Graciliano chegavam às livrarias: “Viventes das Alagoas” e “Linhas Tortas”.
Pelas coincidências desta vida, no dia 20 de março de 1992 – mesmo dia do mês e da semana – quase com a mesma idade do pai, morria o escritor Ricardo Ramos.

do silêncio que fala

tem dias que calo
não pelas palavras
que me tiraram
e sim
pela saudade dos amigos
que me faltam

calado,
me entrego à lembranças
que dispensam palavras
e giram o moinho de água
dos meus olhos

tem dias que calo
e me digo mais palavras
do que quando falo

calado
reinvento alegrias,
recupero vozes
e dou movimento a imagens
que se perderam no outro lado
das pontes caídas

tem dias que calo
e mesmo assim,
falo

© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
Arte: Quinho

Pai da soul music brasileira, TIM MAIA nasceu no dia 28 de setembro de 1942. Em 1957, fundou no o grupo de rock Os Sputniks, do qual participaram Roberto e Erasmo Carlos. Em 1959, foi para os Estados Unidos, onde entrou em contato com a soul music, chegando a participar de um grupo vocal, o The Ideals. Em 1969, gravou em dueto com Elis Regina a sua composição “These Are The Songs”. A projeção rendeu um convite para gravar seu primeiro LP, que obteve grande sucesso graças às músicas “Primavera” e “Azul da Cor do Mar”, até hoje tocadas nas rádios. Depois intercalou fases de altos e baixos em sua carreira, voltando a emplacar músicas nas paradas de sucesso nos anos 80 e 90.
Em 1998, no show no Teatro Municipal de Niterói, que seria gravado para um especial de TV, sentiu-se mal, vindo a falecer uma semana depois, no dia 15 de março.




álibi

depois
de pronto
o poema
não volto mais
a ele

sou daqueles
que nunca voltam
ao local do crime

© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”

sábado, março 17, 2007

Arte: "Masque V" © Juan Alberto

timidez

quando digo ternura,
lembro você.

quando digo paixão,
lembro você.

quando digo raiva,
lembro você.

quando vejo você
não digo nada.

© Ademir Antonio Bacca


PAULO BRASIL GOMES DE SAMPAIO, o SAMPAULO, foi um dos maiores chargistas brasileiros de todos os tempos. Gaúcho de Uruguaiana, colaborou com os principais jornais do Rio Grande do Sul e com alguns alternativos do Brasil, como o Pasquim. Morreu alguns anos atrás, mas toda vez que vejo um trabalho seu me bate uma saudade daquela tarde de outubro de 1980, regada a todos os vinhos possíveis, quando aqui em Bento Gonçalves fizemos a primeira Mostra de Cartuns. Considero essa charge aí de cima uma das mais engraçadas que já se fez no Brasil e há muito que eu queria dividi-la com vocês.



Poeta francês que figura entre os iniciadores do simbolismo, STÉPHANE MALLARMÉ, Nasceu em Paris no dia 18 de março de 1842. Mallarmé se utilizava dos símbolos para expressar a verdade através da sugestão, mais que da narração. Sua poesia e sua prosa se caracterizam pela musicalidade, a experimentação gramatical e um pensamento refinado e repleto de alusões que pude resultar em um texto às vezes obscuro. Seus poemas mais conhecidos são L'APRÉS-MIDI D'UN FAUNE (1876), que inspirou o prelúdio homônimo do compositor francês Claude Debussy, e Herodias (1869). Outras obras importantes de Mallarmé são a antología Verso e prosa (1893) e o volume de ensaios em prosa Divagações (1897).
morreu em 1898, em Paris, sem ter chegado a concluir a grande obra de sua vida. A Grande Obra, com letra maiúscula, é um projeto que ele revela em cartas, em correspondências a amigos.


BRINDE

STÉPHANE MALLARMÉ
1842 – 1898

Nada, esta espuma, virgem verso
A não designar mais que a copa;
Ao longe se afoga uma tropa
De sereias vária ao inverso.

Navegamos, ó meus fraternos
Amigos, eu já sobre a popa
Vós a proa em pompa que topa
A onda de raios e de invernos;

Uma embriaguez me faz arauto,
Sem medo ao jogo do mar alto,
Para erguer, de pé, este brinde

Solitude, recife, estrela
A não importa o que há no fim de
um branco afã de nossa vela.

caixa de Pandora

da infância
trouxe bem fechadas
uma caixa de medos
e outra de coisas proibidas

a dos medos
continua dentro de mim
ainda fechada,
embora de vez em quando
escape um

a das coisas proibidas
abri num descuido
num tempo qualquer
e desde então
nunca mais as minhas noites
foram iguais.


© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
Arte: Tibet


“A mente que se abre
a uma nova idéia
jamais voltará
ao seu tamanho original”

ALBERT EINSTEIN
14/03/1879 – 18/04/1955



Antônio Frederico de CASTRO ALVES, poeta, nasceu em Muritiba, BA, em 14 de março de 1847. É o patrono da Cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Valentim Magalhães.
Morreu em Salvador, BA, em 6 de julho de 1871, aos 24 anos, sem ter podido acabar a maior empresa que se propusera, o poema “Os escravos”, uma série de poesias em torno do tema da escravidão.

o poema não é bolero
duas palavras pra lá,
duas pra cá,
fácil de dançar

no poema,
a boa palavra desliza
com desenvoltura
pelo retângulo de papel
que a noite estende
diante do poeta.

o poema não é bolero
duas palavras pra lá,
duas pra cá
nem que tem que ser
obrigatoriamente triste

todo poema
é teia de emoções
difícil de se safar.

© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”

quinta-feira, março 08, 2007


Arte: "Creations" © Al Magnus
quase manhã
e nada de ti

nem do teu cheiro

lá fora
só o ruído
de gente
que não passa.

© Ademir Antonio Bacca
Arte: Fraga

"Eu sou um escritor
que ainda prefere
olhar o mundo
com os olhos
da imaginação."

MOACYR SCLIAR
in memorian de vadis arconti

o rio que tanto gostavas
agora corre aos teus pés.

na barranca onde plantavas
teus sonhos
repousas agora para o sempre
embalado pelo vai e vem das águas
que balançam os sarandis.

© Ademir Antonio Bacca
do livro “Plano de Vôo”
Abstrato 0143 © adebach/2007
Técnica: Fractal - Programa Utilizado: Apophisys 2.0
hibernação

no berço
das noites de inverno
eu acalento o sono
dos meus sonhos
mais frágeis
com o calor
da tua lembrança

© Ademir Antonio Bacca

quarta-feira, março 07, 2007

Arte: Restrepo
“Estou sempre alegre,
essa é a minha maneira de resolver
os problemas da vida.
Tenho a impressão de que as pessoas
estão perdendo o dom do riso.”

CHARLES CHAPLIN
1889 - 1977

terça-feira, março 06, 2007

Arte: Cast
2007 – UM ANO MUITO ESPECIAL PARA GARCIA MARQUEZ
GABRIEL GARCIA MARQUEZ, um dos maiores nomes da literatura universal, viverá em 2007 um ano muito especial. Não bastasse comemorar neste dia 6 de março os seus 80 anos de vida, há exatos quarenta anos publicava o livro que o tornou conhecido em todo o mundo, “Cem Anos de Solidão”. Não fosse o suficiente para que o ano fosse especial, também 2007 marcará os 25 anos da conquista do Prêmio Nobel de Literatura. “Gabo” será homenageado no final deste mês, entre os dias 26 e 29, na cidade colombiana de Cartagena, onde acontece o 4º Congresso Internacional da Língua Espanhola. Dentro das inúmeras homenagens que lhe estarão sendo prestadas, o governo colombiano anunciou que vai reconstruir a casa onde o escritor nasceu. Atualmente Garcia Marquez trabalha no volume dois das suas memórias, cujo volume 1, “Viver Para Contar” figura há muito nas listas dos livros mais vendidos.

sexta-feira, março 02, 2007

Arte: "Eagle's nest" © Ben Goossens

da boemia

enquanto a noite for assim
(mistério)
por certo me encontrarás
brigando com meus fantasmas
ou a perambular minhas indecisões
pelas mesas dos seus bares

enquanto a noite for assim
(armadilha)
por certo estarei driblando o fio da teia
que ela tece com a pressa das horas
para surpreender os incautos

enquanto a noite for assim
(luz e música)
por certo me encontrarás
correndo todos os riscos,
seduzido pelo seu canto irresistível

© Ademir Antonio Bacca
do livro “Pandorgas ao Vento”
Arte: Clarice Lispector by Loredano

“Escrever
é o modo de quem tem a palavra
como isca:
a palavra pescando
o que não é palavra.”

CLARICE LISPECTOR
(1920-1977)

há demasiados vestígios teus
em mim

por isso a noite não passa.

© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
LEMBRANÇA DE VIAGEM

Florença é uma cidade que não me sai da cabeça, ímã que me atrai. Foi lá meu primeiro encontro com a obra de Michelangelo, no meio da praça. Davi ali diante dos meus olhos, para nunca mais esquecer.


O GRANDE GÊNIO RENASCENTISTA


No dia 6 de março de 1475, nascia em Caprese, província florentina, na Itália, o mestre do Renascimento Michelangelo Buonarotti. Entre as obras do arquiteto, escultor e pintor estão a Pietá, o Davi e, com certeza a mais conhecida de todos, a abóbada da Capela Sistina. Em 18 de Fevereiro de 1564, Michelangelo morre em sua cama. Como testamento, o artista pediu que seu corpo regressasse a Florença, pois estava doando sua alma a Deus e seu corpo à terra.


Arte: "Alimento" © Angel Boligán
MURMÚRIO

CECILIA MEIRELES
1901 – 1964

Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
— vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
— vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
— Vê que nem te digo — esperança!
— Vê que nem sequer sonho — amor!

(colaboração: Ângela Weingartner Becker)


NOSTRADAMUS: 452 ANOS DE “OS SÉCULOS”


Michel de Notredame, mais conhecido como Nostradamus, publicou no dia 1º de março de 1555 o livro “Os Séculos”, contendo profecias sobre o futuro da humanidade. Médico, astrólogo, teólogo e alquimista ele ganhou fama mundial com suas "centúrias" de linguagem hermética e aparentemente indecifráveis. Nasceu no dia 14/12/1503, na cidade de Saint Rémy de Provence, no sul da França, e morreu no dia 02/07/1566, na cidade de Salon. Foi sepultado na igreja do Convento de Cordeliers e seu túmulo ainda está lá, acompanhado de um retrato, e pode ser visto ainda hoje.

da falta de inspiração

a folha
em branco
é o latifúndio
improdutivo
do poeta.

© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”