quinta-feira, outubro 12, 2006

POESIA GOIANA NA SERRA GAÚCHA

Aidenor Aires

Serra Gaúcha. Quase Europa. Primeiro mundo nosso. Ali se esquece as favelas, as hordas miseráveis que os políticos vão mantendo em regime de cestas básicas, para que possam continuar comendo caviar e bebericando uísque. Na Serra a paisagem deslumbra. O planeta continua bailando no orgasmo original. Terra querendo nuvem e azul querendo o verde.Vontade de gritar feliz e abraçar. De dois a sete de outubro realizou-se em Bento Gonçalves, de heróicas memórias farroupilhas, o XIV Congresso Brasileiro de Poesia, o XIV Encontro Latino-americano de Casas de Cultura e a XI Mostra Internacional de Poesia Visual. Esses eventos fazem parte do Proyecto Cultural Sur-Brasil que tem como timoneiro o poeta Ademir Bacca. É o responsável ou facilitador de todas as edições desses eventos. O Congresso sempre contou com a participação dos goianos. Desta vez, na antologia “Poesia do Brasil”, lançada durante o evento, comparecem onze, entre os 33 participantes. E lá estávamos, presentes ou em saudade: José Mendonça Teles, Luís de Aquino, Sônia Ferreira, Célia Siqueira Arantes, Elizabeth Caldeira, Geraldo Coelho Vaz, Alcione Guimarães, Aldair Aires, Edival Lourenço e este cronista. Foram dias de grande atividade cultural, envolvendo as escolas, a comunidade. As vitrines das lojas, os pisos dos teatros, em todos os lugares, textos poéticos. Nas praças, recitais. Pelas ruas, salões, bibliotecas, performances e shows. Lugar propício à liberação da alma no milagre da linguagem. A genialidade interpretativa do poeta e ator Gidu Saldanha. Célia Siqueira, de interminável juventude, declamando pelas praças. José Mendonça, de tantas artes, levantando cantos de amor, até receber uma homenagem como o Pioneiro e presença constante do Congresso. Emocionados, bebemos um pouco da glória de nosso historiador e poeta. Mas não se pode esquecer o recital “Cantares da América”, com Beth Araújo, “A Voz dos Povos”, com Claufe Rodrigues e Mônica. Maria Pompeu. “Torre de Babel”, apresentado por Artur Gomes. Lá estavam os goianos deitando falas. Mais os “Poetas na Escola”, as homenagens ao centenário de Quintana. Artes Plásticas, teatro, música e poesia, sempre poesia, de todos os estilos. Da silenciosa proposta do poema visual de Hugo Pontes, ao cordel de Edmilson Santini. Da contida e profunda palavra de Cristiane Grando, ao lirismo de Andréa Motta, à telúrica energia da peruana Glória Dávila. Gilberto Maha, iluminado na neblina da Serra. Wilmar Silva universalizando cantos de Minas. Tanta gente. Tanta beleza, tanta poesia. No próximo Congresso, lá estaremos celebrando a vida, recolhendo o humano escondido nas solidões de cada um de nós. Vida longa ao poeta Ademir Bacca! Ele vai tornando este mundo um lugar ainda possível de habitar. Faz da Serra Gaúcha um lugar de encontro de todas as vozes. Um Mercosul espiritual, onde as mercadorias de troca são a inspiração, a beleza, o talento e os abraços.


* Aidenor Aires é escritor, da Academia Goiana de Letras

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Ademir,
Estou emocionada com a crônica do Aidenor, aproveito este espaço, para agradecer a ele,bem como, pela oportunidade ímpar de participar do XIV Congresso Brasileiro de Poesia. Obrigada! Beijo, Andréa Motta