Desde quando saudade dói?
Não entendo
aqueles que dizem
sofrer de saudade.
Como podem me doer
as lembranças daqueles
que não estão,
se elas me completam,
se elas me devolvem o brilho do olhar?
Como podem me doer
as lembranças das coisas que vi,
as luzes de Paris,
as tulipas de Amsterdan,
o pôr do sol em Venza
ou as pirâmides mexicanas
se elas me fazem voltar a elas
sem que eu saia do lugar?
Não sei onde a dor da saudade.
Como pode doer a lembrança
das mulheres que me abandonaram
se delas lembro o prazer que me deram
e não do dia em que se foram?
Onde a dor da ausência dos meus mortos
se eles não se foram de dentro de mim?
Como pode me doer a saudade do meu pai
se ele ainda me leva pela mão
pelos caminhos da infância
e me reabre portas dos sonhos ainda por sonhar?
Definitivamente, não entendo
aqueles que dizem sofrer de saudades.
Vai ver,
eu é que não entendo nada de saudade.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “Plano de Vôo”
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