sábado, maio 27, 2006

Tempo zero


Rompo
o último extremo
que me ligava ao riso
e à agitação.

Agora me sinto

só.

Tão só,
como devem se sentir
as aves
que nascem de um ovo
abandonado.

© Ademir Antonio Bacca
do livro: “Boca do Mundo”

Um comentário:

Anônimo disse...

Ade,
Sabe a impressão que eu tive ao reler este poema? A de que o Oscar Bertholdo, sorrindo e feliz, no alto de uma nuvem, dizia aos querubins, serafins e afins: Finalmente este guri lembra de postar sua obra-prima!
Concordo, em parte, com ele. Ainda penso que "do azul" é "the best of your best", um momento pictórico raro na literatura brasileira.
Abraço
Rejane