POEMAS QUE GOSTO (23)
BOMBONS AO LICOR
Essas minhas calcinhas
me confrangem:
suas rendas, debruns,
transparências e linhas
- vaidades de mulher
para agradar seu homem.
Mais saudáveis
que poesia reclamando
o amado que partiu
- bons goles de cerveja.
Abandonei a literariedade
da vingança,
um exercício
do qual já me cansei.
Prefiro o outro vício
na bandeja (vícios?)
à poesia
do melodrama.
O que me comove mesmo
são minhas calcinhas
bonitas demais,
meus travesseiros,
minha cama,
bombons ao licor
e cerejas.
YEDA SCHMALTZ
(1942-2003)
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