segunda-feira, março 26, 2007

do silêncio que fala

tem dias que calo
não pelas palavras
que me tiraram
e sim
pela saudade dos amigos
que me faltam

calado,
me entrego à lembranças
que dispensam palavras
e giram o moinho de água
dos meus olhos

tem dias que calo
e me digo mais palavras
do que quando falo

calado
reinvento alegrias,
recupero vozes
e dou movimento a imagens
que se perderam no outro lado
das pontes caídas

tem dias que calo
e mesmo assim,
falo

© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”

5 comentários:

Anônimo disse...

O leitor é um ser engraçado... Lê e emociona como se fosse dele, mas deixa de lado, porque finge que não é. É onde discordo de Fernando Pessoa na pessoa que ele coloca "o fingidor"!
Um abraço saudoso, Marisa Francisco

Anônimo disse...

Bom dia querido poeta, disse tudo no silêncio de uma poesia =) Abços e ótima semana!

Jonice disse...

Oi Ademir,
além do prazer de ler este poema, gostaria de ter o prazer de traduzí-lo para o inglês se você me permitir. Se a tradução ficar boa, para o que gostaria de contar também com sua opinião, então faria um post no meu blog com as duas versões. Que tal?

Tenha uma ótima semana :)

Izelda Maia disse...

Para mim, a poesia tem o poder extraordinário de de envolver o leitor nas entranhas das palavras que se transformam em emoção.

Parabéns pelas poesias.
Um abraço!

Anônimo disse...

Poeta,

Parabéns pela eterna elegia ao Silêncio.
beijos da Lady Vania.