
poeta, escritor, contista, jornalista, radialista, pesquisador e produtor cultural
sábado, maio 27, 2006
Um poema antigo, do meu primeiro livro individual, que a Rejane lembrou e deixou num post de um dos poemas que publiquei recentemente.
POEMA DE INSTAFISFAÇÃO
Foi você
quem brincou
com os meus sonhos
quando eles ainda não sabiam
brincar.
Foi você
quem despertou o meu coração
quando ele não queria mais
despertar.
Foi você
quem me ensinou a sonhar
quando eu só queria lutar.
Agora,
o que é que eu faço
desta vida feita de nada?
© Ademir Antonio Bacca
do livro: “Asas e Coração”
POEMA DE INSTAFISFAÇÃO
Foi você
quem brincou
com os meus sonhos
quando eles ainda não sabiam
brincar.
Foi você
quem despertou o meu coração
quando ele não queria mais
despertar.
Foi você
quem me ensinou a sonhar
quando eu só queria lutar.
Agora,
o que é que eu faço
desta vida feita de nada?
© Ademir Antonio Bacca
do livro: “Asas e Coração”
DAS INJUSTIÇAS DA INTERNET
Lendo uma biografia de Charles Chaplin na internet numa noite dessas, deparei-me com mais uma das freqüentes injustiças cometidas na rede, onde sempre um autor desconhecido tem texto seu atribuído a um famoso.
Desta vez o injustiçado é o poeta piauiense FRED MAIA, amigo de longa data, o primeiro poeta a chegar no Congresso Brasileiro de Poesia em Nova Prata, em 1990, autor do belíssimo poema abaixo que na tal biografia é atribuído
Lendo uma biografia de Charles Chaplin na internet numa noite dessas, deparei-me com mais uma das freqüentes injustiças cometidas na rede, onde sempre um autor desconhecido tem texto seu atribuído a um famoso.
Desta vez o injustiçado é o poeta piauiense FRED MAIA, amigo de longa data, o primeiro poeta a chegar no Congresso Brasileiro de Poesia em Nova Prata, em 1990, autor do belíssimo poema abaixo que na tal biografia é atribuído
ao criador do imortal Carlitos:
Se tivesse acreditado
na minha brincadeira
de dizer verdades teria
ouvido verdades que
teimo em dizer brincando,
falei muitas vezes como um palhaço
mas jamais duvidei da
sinceridade da platéia
que sorria.
FRED MAIA
Se tivesse acreditado
na minha brincadeira
de dizer verdades teria
ouvido verdades que
teimo em dizer brincando,
falei muitas vezes como um palhaço
mas jamais duvidei da
sinceridade da platéia
que sorria.
FRED MAIA
POEMAS QUE GOSTO (23)
BOMBONS AO LICOR
Essas minhas calcinhas
me confrangem:
suas rendas, debruns,
transparências e linhas
- vaidades de mulher
para agradar seu homem.
Mais saudáveis
que poesia reclamando
o amado que partiu
- bons goles de cerveja.
Abandonei a literariedade
da vingança,
um exercício
do qual já me cansei.
Prefiro o outro vício
na bandeja (vícios?)
à poesia
do melodrama.
O que me comove mesmo
são minhas calcinhas
bonitas demais,
meus travesseiros,
minha cama,
bombons ao licor
e cerejas.
YEDA SCHMALTZ
(1942-2003)
BOMBONS AO LICOR
Essas minhas calcinhas
me confrangem:
suas rendas, debruns,
transparências e linhas
- vaidades de mulher
para agradar seu homem.
Mais saudáveis
que poesia reclamando
o amado que partiu
- bons goles de cerveja.
Abandonei a literariedade
da vingança,
um exercício
do qual já me cansei.
Prefiro o outro vício
na bandeja (vícios?)
à poesia
do melodrama.
O que me comove mesmo
são minhas calcinhas
bonitas demais,
meus travesseiros,
minha cama,
bombons ao licor
e cerejas.
YEDA SCHMALTZ
(1942-2003)
sexta-feira, maio 26, 2006
segunda-feira, maio 22, 2006
De ti
tem dias
que não quero nada
que não a tua mão no meu rosto
e o silêncio despreocupado
dos que não têm nada a dizer.
Outros dias
te quero com a ânsia
daqueles que querem saciar
fomes e sedes eternas
num mísero instante de prazer.
Tem dias
que de ti
não quero ouvir sequer a voz
e outros
que te quero por inteira.
Tem dias
que de ti
só quero o que de meu
se perdeu
no fundo do teu olhar.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “Pandorgas ao Vento”
tem dias
que não quero nada
que não a tua mão no meu rosto
e o silêncio despreocupado
dos que não têm nada a dizer.
Outros dias
te quero com a ânsia
daqueles que querem saciar
fomes e sedes eternas
num mísero instante de prazer.
Tem dias
que de ti
não quero ouvir sequer a voz
e outros
que te quero por inteira.
Tem dias
que de ti
só quero o que de meu
se perdeu
no fundo do teu olhar.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “Pandorgas ao Vento”
ARTUR GOMES DE NOVO
Já deixei escrito em algum canto deste meu blog a admiração que tenho pelo poeta ARTUR GOMES, sem dúvidas hoje o grande nome da poesia alternativa brasileira. O Cd dele “Fulinaíma Sax, Blues & Poesia”, já gastou de tanto que rodou aqui em casa. Há muitos anos venho ouvindo belíssimos poemas ditos por ele, seja no Congresso Brasileiro de Poesia, no bar da esquina do SESC ou mesmo aqui em casa, nas vezes em que ele está em Bento Gonçalves e nos damos o prazer de conversar inúmeras garrafas de vinho e uma picanha no disco.
Gosto de muitos, mas este poema é, sem dúvidas, o meu preferido:
Alucinações Interpo(É)ticas
o que é que mora em tua boca Bia?
Alucinações Interpo(É)ticas
o que é que mora em tua boca Bia?
um deus um anjo ou muitos dentes claros
como os olhos do diabo
e um a estrela como guia?
o que é que arde em tua boca Bia?
azeite sal pimenta e alho
résteas de cebola
um cheiro azedo de cozinha
tua boca é como a minha?
o que é que pulsa em tua boca Bia?
mar de eternas ondas
que covardes não navegam
rios de águas sujas
onde os peixes se apagam
ou um fogo cada vez mais Dante
como este em minha boca
de poeta delirante
nesta noite cada vez mais dia
em que acendo os meus infernos
em tua boca Bia?
© ARTUR GOMES
© ARTUR GOMES
domingo, maio 21, 2006
domingo, maio 14, 2006
sábado, maio 13, 2006
Bento Gonçalves vive em tempo de leitura. É a Feira do Livro mais uma vez na Praça Dr. Walter Galássi. Lá estive, apesar da gripe, na última sexta-feira, 13, para participar do projeto "É Tempo de Histórias", juntamente com os escritores Carlos Urbin e Kalunga. A Feira do Livro de Bento Gonçalves é hoje uma das mais importantes do interior do estado gaúcho.
Certas canções
Certas músicas
deveriam ser proibidas
de tocar no rádio.
Há canções que viajam
no sentido inverso da vida,
com a pressa das naves espaciais.
Intrusas,
voltam no tempo,
mexem no baú das lembranças
e nos deixam a chorar
a vida derramada.
Certas canções
deveriam desaparecer junto com os anos,
mas
não fossem elas voltar de vez em quando
num rádio ligado ao acaso,
onde reencontrar a magia dos velhos tempos
que ainda move a roda da nossa emoção?
© Ademir Antonio Bacca
do livro inédito “O Relógio de Alice”
Certas músicas
deveriam ser proibidas
de tocar no rádio.
Há canções que viajam
no sentido inverso da vida,
com a pressa das naves espaciais.
Intrusas,
voltam no tempo,
mexem no baú das lembranças
e nos deixam a chorar
a vida derramada.
Certas canções
deveriam desaparecer junto com os anos,
mas
não fossem elas voltar de vez em quando
num rádio ligado ao acaso,
onde reencontrar a magia dos velhos tempos
que ainda move a roda da nossa emoção?
© Ademir Antonio Bacca
do livro inédito “O Relógio de Alice”
segunda-feira, maio 08, 2006
Desde quando saudade dói?
Não entendo
aqueles que dizem
sofrer de saudade.
Como podem me doer
as lembranças daqueles
que não estão,
se elas me completam,
se elas me devolvem o brilho do olhar?
Como podem me doer
as lembranças das coisas que vi,
as luzes de Paris,
as tulipas de Amsterdan,
o pôr do sol em Venza
ou as pirâmides mexicanas
se elas me fazem voltar a elas
sem que eu saia do lugar?
Não sei onde a dor da saudade.
Como pode doer a lembrança
das mulheres que me abandonaram
se delas lembro o prazer que me deram
e não do dia em que se foram?
Onde a dor da ausência dos meus mortos
se eles não se foram de dentro de mim?
Como pode me doer a saudade do meu pai
se ele ainda me leva pela mão
pelos caminhos da infância
e me reabre portas dos sonhos ainda por sonhar?
Definitivamente, não entendo
aqueles que dizem sofrer de saudades.
Vai ver,
eu é que não entendo nada de saudade.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “Plano de Vôo”
Não entendo
aqueles que dizem
sofrer de saudade.
Como podem me doer
as lembranças daqueles
que não estão,
se elas me completam,
se elas me devolvem o brilho do olhar?
Como podem me doer
as lembranças das coisas que vi,
as luzes de Paris,
as tulipas de Amsterdan,
o pôr do sol em Venza
ou as pirâmides mexicanas
se elas me fazem voltar a elas
sem que eu saia do lugar?
Não sei onde a dor da saudade.
Como pode doer a lembrança
das mulheres que me abandonaram
se delas lembro o prazer que me deram
e não do dia em que se foram?
Onde a dor da ausência dos meus mortos
se eles não se foram de dentro de mim?
Como pode me doer a saudade do meu pai
se ele ainda me leva pela mão
pelos caminhos da infância
e me reabre portas dos sonhos ainda por sonhar?
Definitivamente, não entendo
aqueles que dizem sofrer de saudades.
Vai ver,
eu é que não entendo nada de saudade.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “Plano de Vôo”
POEMAS QUE GOSTO (20)
RAZÃO DE SER
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
LEMINSKI
(1944-1989)
RAZÃO DE SER
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
LEMINSKI
(1944-1989)
terça-feira, maio 02, 2006
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