segunda-feira, agosto 06, 2007

balada para théo

digo,
meu filho,
que só sonhar
não constrói
vida alguma

é preciso arar a terra,
domesticar a semente
e fazer de cada amanhecer
um recomeçar

digo,
meu filho
que só palavras
não constroem
poema algum

é preciso moldar o barro
pacientemente
e tirar da emoção
a forma do dia ideal

digo,
meu filho,
que viver
não é só abrir a porta
e ir pela estrada
que se desenha
diante dos nossos pés

há que se equilibrar
a esperança
na linha do horizonte
e ensaiar cada passo
com a determinação
de um bailarino
em noite de gala
no teatro nacional

digo,
meu filho,
que é preciso regar
o sonho
com o orvalho
das manhãs de primavera
e semear amor
e esperanças de dias melhores
para que quando a noite
se fizer sombra
possamos todos
dormir em paz

© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”

3 comentários:

Jonice disse...

Amei este poema, Ademir.

Verluci Almeida disse...

Simplesmente maravilhoso, Ademir.
Théo deve ter gostado muito.

Verluci Almeida disse...

Simplesmente lindo!
Théo deve ter gostado muito.