sábado, junho 17, 2006



DE POETAS & JABUTICABAS

Toda vez que vejo jabuticabas numa gôndola de quitanda, ou mesmo fotos de uma jabuticabeira, imediatamente lembro do poeta ALDAIR DA SILVEIRA AIRES, uma das mais fortes vozes da poesia contemporânea goiana. Lembro do quintal da sua casa em Silvânia, onde só estive em pensamentos, mas de cujos frutos conheço o sabor, e também de nossas andanças por mesas de bares em Goiânia num tempo qualquer que não me sai da lembrança, onde não apenas conheci a amabilidade do poeta, mas principalmente a profundidade da sua poesia. Poesia que mais uma vez reparto com todos aqueles que me dão o privilégio de visitar este meu cantinho literário.


O GRANDE ÓPIO

® ALDAIR DA SILVEIRA AIRES

Na busca do
ópio descobri a
orla da poesia,
e ando a gerundiar
versos no reverso.

E meu mini universo
vence a serra azul
e relança no espaço
azul girangirando
o mergulho nas águas
não cantadas
por aquele que
clama no deserto.

No entanto
meu canto é,
pobre canto,
o que não ateia fogo
à linguagem,
o que não macaqueia a palavra,
o que não tem gerúndios
nem infinitos,
o que só professa a dor
de nunca ter sido mestre
em nada.

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