poeta, escritor, contista, jornalista, radialista, pesquisador e produtor cultural
terça-feira, junho 27, 2006
Na semana passada, em companhia do Schenatto e do Possamai (do SESC Bento Gonçalves, parceiros de organização do Congresso Brasileiro de Poesia), fui a Farroupilha assistir ao espetáculo "Fala Zé", apresentado pelo ator José de Abreu. Trata-se de de algo imperdível, seja pela qualidade do texto ou pela excelente interpretação deste grande nome do teatro e da televisão.
Depois do espetáculo fomos jantar com o ator, onde conversamos algumas garrafas do bom vinho da serra gaúcha e descobri que além de excelente ator, o José de Abreu é um figuraço. Portanto, se algum dia o acaso o colocar diante de um teatro que estiver levando o "Fala Zé", não pense duas vezes, deixe de lado o que estava por fazer e entre. Garanto que você não vai se arrepender.
Pela manhã, bem cedo, pela manhã
queria abrir a janela do meu dia
e beber um copo de sol nascente.
Pela tarde, bem pela tardinha,
queria fechar a porta do meu dia
e curtir o crepúsculo da sua ausência.
E, quando fizesse noite alta, noite sem lua,
queria descer o cortinado dos meus sonhos
e beijar o seu abraço, morder o seu destino,
buscando-a na saudade da sua presença,
bebendo um copo do seu sorriso.
paixão incontida aflorando o peito,
água represada que não se contém,
explode
e arrasta as emoções incautas
que encontra pelo caminho.
eu venho assim meio sem jeito
pelas ruas,
vadio no meu pensar,
abandonando lembranças pelas esquinas,
sem pressa nenhuma de chegar
e não te encontrar.
© Ademir Antonio Bacca
do livro: “Pandorgas ao Vento”
o tempo me deixou
apenas a saudade
que acalento
com versos desajeitados
em noites de invernia
o vento
que balança as janelas
traz palavras
esquecidas nos anos
que reanimam
o fogo da paixão
que eu julgara
ter ele levado
para outros recantos
de herança sobrou-me
a tua lembrança
que se faz água do mar
e sempre volta para mim.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
quinta-feira, junho 22, 2006
quarta-feira, junho 21, 2006
sábado, junho 17, 2006

DE POETAS & JABUTICABAS
Toda vez que vejo jabuticabas numa gôndola de quitanda, ou mesmo fotos de uma jabuticabeira, imediatamente lembro do poeta ALDAIR DA SILVEIRA AIRES, uma das mais fortes vozes da poesia contemporânea goiana. Lembro do quintal da sua casa em Silvânia, onde só estive em pensamentos, mas de cujos frutos conheço o sabor, e também de nossas andanças por mesas de bares em Goiânia num tempo qualquer que não me sai da lembrança, onde não apenas conheci a amabilidade do poeta, mas principalmente a profundidade da sua poesia. Poesia que mais uma vez reparto com todos aqueles que me dão o privilégio de visitar este meu cantinho literário.
O GRANDE ÓPIO
® ALDAIR DA SILVEIRA AIRES
Na busca do
ópio descobri a
orla da poesia,
e ando a gerundiar
versos no reverso.
E meu mini universo
vence a serra azul
e relança no espaço
azul girangirando
o mergulho nas águas
não cantadas
por aquele que
clama no deserto.
No entanto
meu canto é,
pobre canto,
o que não ateia fogo
à linguagem,
o que não macaqueia a palavra,
o que não tem gerúndios
nem infinitos,
o que só professa a dor
de nunca ter sido mestre
em nada.