da mais pura inveja
o martim-pescador
mergulha no rio em vôo certeiro
e em questão de segundos
emerge da água trazendo
o pequeno peixe no bico
depois mergulha outra vez
e mais uma sempre voltando
com sua presa no bico,
indiferente ao meu olhar
da mais pura inveja:
quantas vezes,
na hora crucial do poema,
mergulho no poço das palavras mágicas
e volto à tona trazendo nenhuma?
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Grito por dentro das palavras”
3 comentários:
Essa inveja salutar é por muitos
partilhada.
Dos seus escritos, porém, resta evidente que não precisa pescar
palavras, já que pode, simplesmente, colhê-las.
O instante do poeta é mágico. "Pesca" palavras para seu poema sem sequer perceber que elas já se prenderam ao anzol. Quando, enfim, acha o poeta que não, a poesia, surpeendentemente surpresa, está tecida - é um sim!
Excelente e lindo poema!
Muito embora seja difícil de acreditar que vc tenha essa dificuldade... Pois o que parece é que as palavras fluem com extrema naturalidade da sua mente para o papel.
Super parabéns!
Beijos
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