quinta-feira, março 16, 2006

JANELA SOBRE HERANÇA

Pola Bonilla modelava barros e crianças. Ela era ceramista de mão-cheia e mestre-escola nos campos de Maldonado; e nos verões oferecia aos turistas suas esculturas e chocolate com churros.
Póla adotou um negrinho nascido na pobreza, dos muitos que chegam ao mundo sem ter com que, e criou-o como se fosse um filho.
Quando ela morreu, ele já era um homem crescido e com ofício. Então os parentes de Pola disseram a ele:
— Entre na casa e pode levar o que quiser.
E ele saiu com uma fotografia dela debaixo do braço e se perdeu nos caminhos.


® EDUARDO GALEANO, no livro “As Palavras Andantes”

2 comentários:

Anônimo disse...

ADEMIR , como lhe postei hoje pelo Orkut , quão bom seria se todos fossem como PAOLA , totalmente desprendida , sentimento este repassado ao pequeno que criara.
Somente o verdadeiro sentimento tem valor , sem que maiores bens materiais possam ser objetos de intrigas. Este seria o mundo ideal ,mas , uma verdadeira utopia !...
Adorei amigo , pois escolhestes muito bem o que aqui deixas como mensagem de verdadeiro sentimento.

Anônimo disse...

Pola é a essência da vida. E ela conseguiu passar esta essência para seu negrinho. Pessoas assim despreendidas só mesmo na imaginação. Ou não? A mensagem vem de um coração sensível: o seu! É linda! Parabéns por este momento.
Abreijinhos!
Marlene