poeta, escritor, contista, jornalista, radialista, pesquisador e produtor cultural
terça-feira, março 29, 2011
da paixão & da razão
a paixão tem essa
de querer sempre
ser mais que a razão,
de andar no fio de arame
e equilibrar o sonho
do jeito que der
a razão tem essa
de dizer não, puxar o freio de mão
e jamais andar na contramão
de qualquer paixão
que nos coloque lá em cima,
no fio de arame.
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O grito por dentro das palavras”
quinta-feira, março 24, 2011

1932 - 2011
Uma das atrizes mais importantes da história do cinema mundial saiu de cena no dia de ontem, 24 de março, aos 79 anos de idade. Nascida em 27 de fevereiro de 1932, em Londres, ELIZABETH ROSEMOND TAYLOR iniciou sua carreira cinematográfica em 1942 em “There’s one Born every minute”. Dois anos depois tornava-se uma estrela infantil graças ao filme “A mocidade é assim mesmo”. Ao todo, foram 50 filmes, que lhe renderam dois Oscars de melhor atriz: “Disque Butterfield 8” (1960) e ”Quem tem medo de Virgínia Wolff?” (1966). A consagração mundial viria em 1962 com “Cleópatra”, segundo ela, “a mais bizarra peça de entretenimento já feita”. Foi a primeira atriz a receber 1 milhão de dólares por um filme.
Nos anos 80, enquanto tentava livrar-se do vício com bebidas e analgésicos, tornou-se uma das mais ativas líderes mundiais no combate a AIDS. Casou-se 8 vezes, duas delas com Richard Burton, teve 4 filhos, 10 netos e 4 bisnetos.
segunda-feira, março 21, 2011
QUATRO ANOS DE BOA MÚSICA NO AR
Desde o dia 21 de março de 2008 a RSCOM leva ao ar, todos os domingos das 21h até 01,00 h da madrugada de segunda-feira, o programa LUZES DA RIBALTA, por mim produzido e apresentado. A característica do programa é rodar apenas músicas que foram gravadas a partir de 1950 até o início dos anos 80, com raras exceções. Ontem levamos ao ar o programa especial de quarto aniversário, abordando a história da JOVEM GUARDA, seus bastidores, principais intérpretes e uma seleção musical que levou os ouvintes a fazerem uma deliciosa
Dividiram comigo o espaço no estúdio da VIVA NEWS FM 92,5 Leila Pasquetti, Evandro Mattana e J. Júnior.
O LUZES DA RIBALTA pode ser acompanhado pela internet:
www.radiooibr.com (clicar sobre o logotipo da VIVANEWS 92.5)
domingo, março 20, 2011
o martim-pescador
mergulha no rio em vôo certeiro
e em questão de segundos
emerge da água trazendo
o pequeno peixe no bico
depois mergulha outra vez
e mais uma sempre voltando
com sua presa no bico,
indiferente ao meu olhar
da mais pura inveja:
quantas vezes,
na hora crucial do poema,
mergulho no poço das palavras mágicas
e volto à tona trazendo nenhuma?
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Grito por dentro das palavras”
sexta-feira, março 18, 2011
Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema. Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüenta anos.
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos!
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os dois pontos disse que eu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé.
Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?... A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K e o W, "Kkk" pra cá, "www" pra lá.
Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar!...
Nós nos veremos nos livros antigos. saio da língua para entrar na história.
Adeus, Trema
(Texto recolhido da internet, infelizmente desconheço o autor)
quarta-feira, março 16, 2011
segunda-feira, março 07, 2011

Diversos foram os caminhos percorridos por JOSÉ DE SOUZA PINTO e todos eles tiveram como ponto de partida e também de chegada a poesia. Ele e seus alter egos, promovendo a poesia de autores de todo o Brasil, especialmente daqueles não consagrados.
Usando o pseudônimo “ZANOTO”, durante 42 anos escreveu a coluna “DIVERSOS CAMINHOS” no Jornal Correio do Sul, da cidade mineira de Varginha. Gostava do anonimato e raras foram as vezes em que ele teve sua imagem publicada, sendo para muitos dos poetas a quem ele projetou, apenas uma referência escrita no cabeçalho da sua coluna.
Quem mostrou a sua cara pela primeira vez foi o GARATUJA, do qual eu era editor e em cujas páginas ele publicou sua coluna até o último número do jornal. A foto, a mesma deste post, foi batida durante o encontro literário de Registro (SP), em 1990, no qual ele foi homenageado. Foram dias maravilhosos aqueles que passamos juntos, do qual participaram, entre outros: Fernanda Frazão, Dinovaldo Giglioli, Carlos Barros, Jaime Vieira, Carlos Barros, Artur Gomes, Costa K, Tanussi Cardoso e os saudosos Márcio Carvalho e Erenita Postingher.
ZANOTO, fã incondicional de Fernando Pessoa, de música e de um bom vinho (quantas referências ele fez em sua coluna a vinhos maravilhosos de Bento Gonçalves que eu supostamente teria lhe enviado), morreu no dia 21 de janeiro, deixando um vazio difícil de ser preenchido no peito da poesia circulante de todo o país.
Os bons partem quase sempre na frente.
Quando morre uma pessoa como Scliar, a gente pensa em como a conheceu.
Eu eu era jovem repórter esportivo na Zero Hora.
Tinha pretensões ao jornalismo cultural.
Estava preparando uma matéria sobre o Bom Fim.
Nílson Souza, meu editor, sugeriu-me falar com o Scliar.
Mandei-lhe um recado pelo precursor do e-mail, uma espécie de intranet que era a grande sensação do jornal em fase acelerada de informatização. Pedi-lhe um material.
Uma tarde, um senhor magro e de barbicha rala surge na minha frente estendendo um envelope.
Olho para ele sem entender.
Depois de alguns minutos, ele ri:
– Sou o Moacyr Scliar, cara.
Fiquei boquiaberto. Quase pedi um autógrafo.
Anos depois, ele me convidou para tomar um café, em Paris. Às oito da manhã.
E aí me deu um conselho: "Briga sempre pelo que acreditas, mas, em caso de alguma derrota, ri".
Muitas vezes Scliar tentou abrir caminho para meus livros.
Nos últimos dois anos, tive a sorte de encontrá-lo algumas vezes.
Uma delas, no Rio de Janeiro, no aeroporto. Ele me ofereceu uma carona:
– É para te acostumares com o carro da Academia Brasileira de Letras.
Uma vez, desembarcamos juntos em São Paulo.
Meu velho amigo gaúcho radicado em Sampa Bernardo Issler estava me esperando.
Ao vê-lo, Scliar disparou:
– Não esquece de devolver o meu livro.
– Fica tranquilo – riu o Bernardo.
No carro, perguntei ao Bernardo:
– Quanto tempo faz que ele te emprestou esse livro?
– Vai fazer 50 anos.
Minha lembrança mais engraçada de uma conversa com Scliar, de quem reli nestas férias o grande "Mes de cães danados", foi num dos meus momentos de dúvida. Conversávamos ao telefone:
– Estás escrevendo cada vez melhor, Juremir.
– É, Moacyr, mas ninguém me considera escritor.
– Posso te mandar um certificado.
Moacyr Scliar foi um craque do humor, da narrativa fina e da sutileza interpretativa da alma humana.
Na última vez que o vi, ano passado, estávamos, na Feira do Livro, ele, Sinval Medina e eu, dividindo uma mesa sobre a revolução de 30, que completava 80 anos. Medina com seu "A batalha de Porto Alegre", eu com "1930, águas da revolução", e ele com seu belo "Eu vos abraço, milhões". A sala não estava cheia. Scliar ironizou:
– Acho que 80 anos não é um bom número. Dentro de 20 anos, haverá mais público.
(reproduzido do blog do autor com a devida autorização)