sexta-feira, abril 20, 2007

COTIDIANO

Eu canto
a agonia do homem
que cai do andaime
no meio da tarde vazia
e a dor das mãos angustiadas
que não se encontram
na hora do adeus;

eu canto
as lágrimas de sangue
do palhaço crucificado
no centro do picadeiro
e a insensatez
do bêbado-equilibrista
que faz seu número
no meio da calçada
pra platéia nenhuma;

eu canto
a ingratidão do ofício
de juntar as peças
deste mosaico estranho
que resolveram batizar
de cotidiano.

© Ademir Antonio Bacca
do livro em preparo: “Panis et Circenses”

Um comentário:

A Autora disse...

uma lágrima brotou em mais um dia do meu cotidiano ao ler seu poema...lindo...obrigada por esta emoção
abraço
Carol Montone