sexta-feira, dezembro 23, 2011


NATAL

© WALMIR AYALA

Natal no coração de ferro
dos tempos obscuros –
os atos, os fatos, os dinossauros, os seqüestros,
dançam na voragem como sombras chinesas.

Há um teatro frenético ocupando a noite e o sonho.
Já não há brinquedos para pedir – as metralhadoras
cortam os homens em dois, como caules.

Antes de qualquer flor
o sangue derramado canta.

E o Natal vem por todos os lados do mundo.

O Natal com seu menino.
Com seus bois e burros,
com seus galos e estrelas.

O muro do Natal envolvendo o planeta
como fronteira aérea,
prendendo por um instante o grande grito de exílio,
unindo as vozes de homens e animais em direção à lua
como um gemido de amor que se completa.

Natal que a neve dos cartões postais esfria
E que se antecipa à aflitiva degolação dos inocentes.
Natal que é hálito das alimárias sobre um Deus perfeito
em seu momento humano e indefeso.

Por isso mesmo Natal como a verdade:
imediata fonte de luz.

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