terça-feira, abril 05, 2011

do andar por aí


tantas coisas

carrego dentro de mim:

sonhos e desejos misturados

no fundo da velha mala

que tantas vezes abri no meio da rua


tem dias que levo o trigo

e busco alguém

que me ajude a amassar o pão

tem vezes que sonho

com o milagre da salvação



desviando de velhas lembranças

a vida algumas vezes se faz estrada

acidentada de viajar

e nem sempre o que carrego comigo

me faz sair do lugar



tem vezes que sonho

estar em todos os lugares

tem dias que me bastaria

dobrar a primeira esquina

e dar de cara com o mar


© Ademir Antonio Bacca

do livro “Grito por dentro das palavras”

3 comentários:

Alcinéia Marcucci disse...

Belas palavras Ademir! Levamos tantas coisas nesta constante metamorfose humana que muitas vezes diálogo comigo mesma sobre o que meu ser carrega entre as mutações.
Abraço

Andrea Lucia disse...

Nossa!! Que poema lindo..Li e reli algumas vezes tentando achar o que não perdi...risoss

Sério, tentei ver qual a estrofe mais significativa...mas foi em vão. Todas igualmente belas formando um todo genial.

(não sei pq fiz isso...acho que pq esse poema mexeu comigo de algum modo).

Fiquei encantada! Parabéns!

Beijos

Tiago do Valle disse...

Sinto igual. Hoje, o bar não me escapa. Parabéns!