a palavra
a palavra é muitas numa só
é bailarina flutuando
entre as manhas do poema,
amante se esfregando
entre os lençóis da paixão,
é justiceira nas folhas dos autos
de condenação
a palavra é tantas numa só
é barril de pólvora
na mesa de negociação,
arma que mata sem sangrar
e bálsamo que consola
quando quer,
a palavra veste a roupa da razão
e é algodão entre os cristais
é estrada que vai longe,
que avança pelos caminhos da emoção,
atravessa pontes,
abre espaço entre os sentimentos
pisa e amacia
a palavra morde e assopra
a palavra,
tem vezes que é só uma palavra
deslocada
sem força nem sentido
feito a pedra de Drummond
no meio do caminho
de um poeta insone
© Ademir Antonio Bacca
in “Poesia do Brasil” – Volume 15
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