poeta, escritor, contista, jornalista, radialista, pesquisador e produtor cultural
quinta-feira, março 20, 2008
da condição do poema
o poema
não pode ser
só um poema
tem que ser mais,
estrada a seguir,
mapa para se situar
o poema
tem que ser mais
que só um poema
tem que ser a faca que sangra,
tem que ser o álibi que salva
o poema
não pode ser
só palavra que consola
no meio da noite
tem que ser porta aberta
a todos os sonhos
tem que ser porto aberto
para todos os barcos
o poema
na madrugada
tem que ser mais
que caminho para o amanhecer
tem que ser corpo
para todos os abraços,
trama e surpresa
o poema
não pode ser
só um poema
no fim da estrada,
tem que ser mais,
tem que ser ponte
entre a paixão e a palavra,
tem que ousar e ir em frente
todo poema
tem que soltar as amarras
e voar
todo poema
tem que destruir muros
e remendar esperanças
tem que ter a força dos insensíveis
e a delicadeza daqueles que apostam
em novas manhãs.
o poema
não pode ser
só um poema
tem que ser mais,
tem que ter a precisão
de bala perdida
e acertar em cheio
o peito de quem o lê
senão, não é
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
o poema
não pode ser
só um poema
tem que ser mais,
estrada a seguir,
mapa para se situar
o poema
tem que ser mais
que só um poema
tem que ser a faca que sangra,
tem que ser o álibi que salva
o poema
não pode ser
só palavra que consola
no meio da noite
tem que ser porta aberta
a todos os sonhos
tem que ser porto aberto
para todos os barcos
o poema
na madrugada
tem que ser mais
que caminho para o amanhecer
tem que ser corpo
para todos os abraços,
trama e surpresa
o poema
não pode ser
só um poema
no fim da estrada,
tem que ser mais,
tem que ser ponte
entre a paixão e a palavra,
tem que ousar e ir em frente
todo poema
tem que soltar as amarras
e voar
todo poema
tem que destruir muros
e remendar esperanças
tem que ter a força dos insensíveis
e a delicadeza daqueles que apostam
em novas manhãs.
o poema
não pode ser
só um poema
tem que ser mais,
tem que ter a precisão
de bala perdida
e acertar em cheio
o peito de quem o lê
senão, não é
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
sexta-feira, março 07, 2008
gritos por dentro das palavras
que gritos
esconde por dentro
a palavra quando cala?
que emoções
prende dentro de si
o coração quando para?
que medos
traz escondidos em si
o corpo quando fala?
que palavras
esconde a língua
quando não fala?
que mistérios
esconde a noite
quando ela absorve o dia?
que segredos
escondem as janelas
quando se fecham, caladas,
ante nossos passos?
tantos gritos
tantas emoções
tantos medos
tantos mistérios
tantos segredos
tantas palavras
aprisionados
dentro de cada corpo
que cala
© Ademir Antonio Bacca
do livro”Gritos por dentro das palavras”
que gritos
esconde por dentro
a palavra quando cala?
que emoções
prende dentro de si
o coração quando para?
que medos
traz escondidos em si
o corpo quando fala?
que palavras
esconde a língua
quando não fala?
que mistérios
esconde a noite
quando ela absorve o dia?
que segredos
escondem as janelas
quando se fecham, caladas,
ante nossos passos?
tantos gritos
tantas emoções
tantos medos
tantos mistérios
tantos segredos
tantas palavras
aprisionados
dentro de cada corpo
que cala
© Ademir Antonio Bacca
do livro”Gritos por dentro das palavras”
Os poetas místicos são filósofos doentes,
E os filósofos são homens doidos.
Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.
Mas as flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.
ALBERTO CAEIRO
E os filósofos são homens doidos.
Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.
Mas as flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.
ALBERTO CAEIRO
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