terça-feira, janeiro 15, 2013



Comparações líquidas e certas

© FRAGA

Volúvel como as marés.
Desinteressante como uma piscina vazia.
Certeiro como uma goteira.
Impessoal como uma pedra de gelo.
Versátil como bacia de pobre.
Traiçoeira como uma poça d´água.
Medroso como idoso em banheira.
Objetivo como esguicho de mangueira.
Sedento como um ralo.
Autêntico como um penico de ágata.
Prolixo como uma cachoeira.
Egoísta como um reservatório no verão.
Desprezada como uma bóia murcha.
Incapaz como um bueiro da periferia.
Animado como banho de criança.
Generoso como um hidrante rebentado.
Separatista como um coador.
Inoportuno como um temporal às 18h.
Absurdo como uma taxa d´água.
Exibicionista como um chafariz.
Despersonalizado como balde sem alça.
Avarento como um conta-gotas.
Convidativa como fonte à beira da estrada.
Trágico como entupimento de vaso sanitário.
Inexpugnável como o Muro da Mauá.
Sereno como orvalho na folha.
Endiabrado como um redemoinho.
Exótico como um par de galochas.
Devastador como conserto de pia.
Taciturno como um poço.
Irrecuperável como um guarda-chuva.
Esbaforido como vapor de chaleira.
Insistente como uma torneira vazando.
Íntimo como uma lágrima.

domingo, janeiro 06, 2013

Texto & Arte: Sérgio Gomes


pelo sim pelo não



o poeta

no alto do trapézio

fica de olho no balanço

da corda que vai 
                            e vem

e calcula a distância do tombo

até o chão



© Ademir Antonio Bacca

do livro “Grito por dentro das palavras”
Arte: Fernandes

“Amar a si mesmo
é o começo de um romance
para toda a vida.”

OSCAR WILDE
(Dublin) 1854 – (Paris) 1900


embrutecida,
tem vezes
que a palavra
busca trégua
em boca faminta
de amor
e morre amordaçada




© Ademir Antonio Bacca
Arte: William

“Fiz o que quis e fiz com paixão.
Se a paixão estava errada, paciência.
Não fiquei vendo a vida passar,
sempre acompanhei o desfile.”

MÁRIO LAGO
1911 – 2002