sexta-feira, dezembro 30, 2011


RECEITA DE ANO NOVO

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE 
(1902 - 1987)
 Arte: Lézio Jr

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.


 

jogo de sedução

a palavra deslizando
na folha de papel
se insinuando
nas entrelinhas
tentando encontrar
o seu lugar
no poema

© Ademir Antonio Bacca
Arte: Gogue

"É impossível fazer um bom filme
sem uma câmera que seja
como um olho no coração
de um poeta. "

ORSON WELLES
1915 - 1985

Pequeno Príncipe ganha estátua no museu de cera de Paris 


Após ser traduzido para 257 idiomas, o livro "Pequeno Príncipe", o intrépido viajante interplanetário criado pelo escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, chegou ao museu de cera de Paris na semana passada, acompanhado das inseparáveis raposa e rosa.
O jovem aventureiro foi instalado no museu Grevin, em cerimônia que contou com a presença de Olivier d'Agay, sobrinho do escritor, que criou o personagem em 1942, dois anos antes de sua morte prematura, aos 44 anos.
O jovenzinho loiro e solitário em seu microplaneta, que conquistou o coração de crianças e adultos de todo o planeta, entrou no panteão de cera na qualidade de "embaixador imortal dos sonhos", informou a diretora do museu, Béatrice de Reyniès.
O escultor Stéphane Barret fez a estátua de cera do Pequeno Príncipe e do seu planeta, B612, de 3 m de diâmetro.
O livro foi publicado pela primeira vez em 1943 em francês e em inglês em Nova York, um ano antes de o avião de Saint Exupéry cair no mar durante missão de reconhecimento na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
O escritor, que há tinha publicado "Correio do Sul" (1928), "Voo Noturno" (1931) e "Terra dos homens" (1939), tinha se refugiado na cidade americana com a esposa, a salvadorenha Consuelo Suncín, antes de voltar à França para combater os invasores nazistas.
"O Pequeno Príncipe" é, até hoje, o livro francês mais vendido no mundo.

Fonte: Folha de São Paulo