segunda-feira, novembro 22, 2010

Foto: Michel Alban
MÉRITO TALIAN 2010

Durante a realização do III FÓRUM NACIONAL DA LÍNGUA TALIAN e do XIV ENCONTRO NACIONAL DOS DIFUSORES DO TALIAN, eventos integrantes do calendário de festejos dos 135 anos da Imigração Italiana no Brasil, tive a honra de ser agraciado com o MÉRITO TALIAN 2010, por serviços prestados em favor da preservação do folclore e da língua dos primeiros imigrantes italianos vindos ao país.
A solenidade de entrega de diploma e troféu aconteceu na noite do dia 13 de novembro, no Salão de Festas do Clube Gaúcho, na cidade de Serafina Corrêa.
A promoção dos eventos foi da Prefeitura local, Federação das Associações Ítalo-Brasileiras do Rio Grande do Sul, Federação dos Vênetos do Rio Grande do Sul e Associação dos Difusores do Talian no Brasil.
A moça bonita que me entregou a distinção é Débora Ziliotto, Princesa do Cinquentenário de Serafina Corrêa, cidade onde nasci.

poeminha armado até os dentes

o brasil
não é bagdá
mas as balas
que aqui voam
matam tanto
quanto lá.

© Ademir Antonio Bacca
in “Poeta, Mostra a Tua Cara” – Vol. 7
se o teu silêncio
grita
por quê o poema
cala?

se teus olhos
se fazem rio de lágrimas
por quê a paixão não naufraga?

© Ademir Antonio Bacca
in “Poeta, Mostra a Tua Cara” – Vol. 7
Arte: Quinho

O chá de Churchill

Aconteceu num dos discursos de Churchill em que uma deputada oposicionista, Nancy Astor, conhecida por sua impertinência, pediu um aparte. Todos sabiam que Churchill não gostava que interrompessem os seus discursos. Mas concedeu a palavra à deputada. E ela, com raiva reprimida, declarou:
— Senhor Ministro, se Vossa Excelência fosse o meu marido, eu colocava veneno em seu chá!
Churchill, lentamente, tirou os óculos, seu olhar astuto percorreu a platéia e, naquele silêncio em que todos aguardavam, lascou:
— Nancy, se eu fosse o teu marido, eu tomaria esse chá com prazer!
jogo da memória

enquanto a manhã
não se anuncia
brinco no tabuleiro da memória
mexendo lembranças
de um lado para outro
tentando encaixar
nome e fatos
no jogo de perdas e ganhos
que a vida me faz jogar
todas as noites

© Ademir Antonio Bacca
in “Poeta, Mostra a Tua Cara” – Vol. 7

quarta-feira, novembro 03, 2010



Arte: La casa dell'emigrante © AGIM SULAJ
batida
de tambor
na selva
de pedra
meu poema
queria mesmo
era ser
sinal de fumaça
no teu céu

© Ademir Antonio Bacca
da antologia “Poesia do Brasil” – Volume 11

AS PALAVRAS E AS COISAS

© JOAQUIM BRANCO

A poesia vem das coisas
que se fazem dia-a-dia.

Desde o outono que começa
nessas folhas caídas pela chuva
a uma nova aragem que separa
as temperaturas da terra.

Aqui não chegam ventos alísios
ou polares frios contra o verão,
mas uma breve brisa alerta
para as amenidades do corpo.

A poesia traz as coisas para si
e de si as reinventa para a vida.

Ela alimenta o poema que volta
de novo às coisas para habitar o mundo.

do livro “Jogo de Palavras”

o rio dos meus olhos

o rio
que agora banha
meus dias,
tem o sal
de muitas lágrimas
misturado a suas águas

tanta vida que se foi,
acordes dispersos no ar

sonhos que o vento levou
em madrugadas profanas

a água
que alimenta
o rio dos meus olhos
move o moinho da saudade
na noite que não acaba

toda paixão
que não tem
porto seguro
naufraga
na entrada do cais

© Ademir Antonio Bacca
da antologia “Poesia do Brasil” – Volume 11

manual dos pequenos atos

tramas
teias
e poemas
se tecem
com paciência

o pão
se amassa
com movimentos
fortes

o mapa
do corpo
da mulher amada
se desenha
com cautela

© Ademir Antonio Bacca
da antologia “Poesia do Brasil” – Volume 11

“É possível ser
um homem honesto
e fazer maus versos”.

MOLIÉRE
1622 - 1673
A pequena morte

© EDUARDO GALEANO

Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França, a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce.