sexta-feira, agosto 31, 2007

Arte: "Echo" © Charito Gil

das cruzes

na falta de pão,
o moleque reparte a emoção
de desafiar a sorte.

pingente de trem.

na falta de circo,
o moleque reparte a realidade
de desafiar o sonho.

pingente da emoção.

ma falta de perspectivas,
o moleque reparte a necessidade
de desafiar a lei.

estatística de jornal.

© Ademir Antonio Bacca
do livro “Panis et Circenses”

sonolência

tem vezes
que o dono do tempo
tece o dia
com a pressa
dos que não têm
nada para fazer

© Ademir Antonio Bacca
do livro “Grito por dentro das palavras”

Arte: DAC
"O único tirano que aceito
neste mundo
é a voz silenciosa
dentro de mim,
a consciência".

MAHATMA GHANDI
1869 – 1948
tudo vale a pena

te permitas
todos os desejos
e nenhuma culpa,

todos os prazeres
e nenhuma algema

te permitas
todos os sonhos
e nenhuma intenção de despertar

porque a vida,
do jeito que está,
não é fácil de se tocar

te permitas
todas as palavras
e nenhuma desculpa,

todas as viagens
e nenhum plano de voltar

te permitas
todos os gozos
e nenhum pudor

deixe que a paixão
te abrace do jeito que vier

porque a estrada da felicidade
a gente nunca sabe aonde começa
e nem onde vai dar.

© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
Arte: Baptistão
"Palavra puxa palavra,
uma idéia traz outra,
e assim se faz um livro,
um governo,
ou uma revolução,
alguns dizem mesmo
que assim é que a natureza compôs
as suas espécies".

MACHADO DE ASSIS
1839 - 1908
Arte: TV or not TV © ANGEL BOLIGÁN

do olhar que entristece a canção do rio

a água correndo
entre as pedras
entoa a canção triste
do rio
que segue o mesmo curso
de todos os dias

uma canção
que fala de vida e de morte
que lembra tristezas
e falta de sorte

a água que corre
entre as pedras do rio
se perde sempre
no fundo dos teus olhos
tristes

© Ademir Antonio Bacca
do livro “Grito por dentro das palavras”
bisturi

na madrugada
tem vezes
que a palavra
é faca de corte
a dissecar
as entranhas
da paixão

© Ademir Antonio Bacca
do livro “Grito por dentro das palavras”

segunda-feira, agosto 06, 2007

Arte: "Feeling of emptiness" © Ben Goossens

descuidado

tantas vezes abri a mala
no meio da rua
em busca de alguma coisa tua

uma fotografia
um bilhete
um objeto esquecido
ao acaso

mas,
descuidado,
toda vez
que abro a mala
no meio da rua
sempre me foge
alguma coisa
tua

Ademir Antonio Bacca
do livro “Grito por dentro das Palavras”
Arte: Achille Superbi

No dia 7 de agosto de 1957 a morte de Oliver Hardy deixava a infância de muitas gerações mais triste. Chegava ao fim a dupla humorística “O Gordo e o Magro” (Stan & Ollie), alegria das antigas tardes de matinês nos cinemas de todo o mundo. Stan Laurel era o magro. Hardy morreu aos 65 anos, em decorrência de problemas cardíacos.
balada para théo

digo,
meu filho,
que só sonhar
não constrói
vida alguma

é preciso arar a terra,
domesticar a semente
e fazer de cada amanhecer
um recomeçar

digo,
meu filho
que só palavras
não constroem
poema algum

é preciso moldar o barro
pacientemente
e tirar da emoção
a forma do dia ideal

digo,
meu filho,
que viver
não é só abrir a porta
e ir pela estrada
que se desenha
diante dos nossos pés

há que se equilibrar
a esperança
na linha do horizonte
e ensaiar cada passo
com a determinação
de um bailarino
em noite de gala
no teatro nacional

digo,
meu filho,
que é preciso regar
o sonho
com o orvalho
das manhãs de primavera
e semear amor
e esperanças de dias melhores
para que quando a noite
se fizer sombra
possamos todos
dormir em paz

© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
Arte: Kim
RACHEL DE QUEIROZ
17 de novembro de 1910
04 de novembro de 2003

No dia 3 de agosto de 1977, a escritora Rachel de Queiroz quebrou um tabu quase secular e tornou-se a primeira mulher a ser admitida na Academia Brasileira de Letras. Até então, a casa de Machado de Assis era reduto exclusivo masculino. A façanha da consagrada escritora cearense abriu portas para que anos mais tarde, Nélida Piñon presidisse a ABL.
das mãos quase vazias

barco
que não tem
aonde ancorar
trago comigo
míseros versos
pescados ao acaso
na nascente
dos teus dias.

© Ademir Antonio Bacca
do livro “Grito por dentro das Palavras”
Arte: Deano Minton
MARILYN MONROE
01 de Junho de 1926
05 de Agosto de 1962

Um dos maiores símbolos sexuais já produzidos por Hollywood, Norma Jean Baker Mortenson (Marilyn Monroe) nasceu em Los Angeles,Califórnia, e viveu parte da infância em orfanatos. Casou-se aos 16 anos, com James Dougherty, e aproveitou quando o marido serviu na 2ª Guerra para tentar a sorte no cinema. Começou com pequenas aparições em "O Segredo das Jóias" (1950) e "A Malvada" (1950), e despontou com "Só a Mulher Peca" (1952) e "Torrentes de Paixão" (1953). Depois, virou mito. Sua exuberância pode ser conferida em "Os Homens Preferem as Louras" (1953), "O Pecado Mora ao Lado" (1955) e "Quanto Mais Quente Melhor" (1959). Divorciada de James Dougherty, casou-se com o ex-jogador de beisebol Joe Di Maggio e com o dramaturgo Arthur Miller. Teve um romance com o ator francês Yves Montand durante as filmagens de "Adorável Pecadora" (1960), e teria mantido relações jamais esclarecidas com o então presidente John Kennedy e com seu irmão, Robert. A hipótese de que ela teria sido amante dos Kennedy ganhou força quando se constatou que sua casa foi vasculhada - supostamente por agentes da CIA - antes da chegada da polícia no dia em que morreu, devido a uma overdose de sedativos e barbitúricos. Mas não existem provas concretas, apenas suposições e depoimentos - alguns dos quais aparecem no documentário inglês "Marilyn e os Kennedy" (1985). No fim, a glamurosa loura de Hollywood morreu durante seu sono com a jovem idade de 36 anos em 05 de agosto de 1962. Elton John e Bernie Taupin escreveram uma vez sobre Marilyn, "A vela se apagou muito antes do que a lenda que ainda continua acesa". Sua "vela" pode ter se apagado, mas as chamas de Marilyn brilham mais forte do que nunca. (Fonte:
http://www.webcine.com.br ).
a poesia
quando acontece
risca um fósforo no céu
e quebra a monotonia
da noite do poeta

a poesia
quando acontece
abre portas no meio da noite
e levanta âncoras
sem dar a mínima
para a tempestade
que se anuncia
na noite do poeta

© Ademir Antonio Bacca
do livro “Grito por dentro das Palavras”

CARMEM MIRANDA
09-02-1909, Marco de Canavezes, Portugal
05-08-1955, Beverly Hills, Estados Unidos

Carmem Miranda marcou tanto com seu jeito de cantar, revirando os olhos, mexendo com as mãos e gingando com seus sorriso contagiante e a graça de seus trajes cheios de balangandãs que até hoje, cinqüenta e dois anos após sua morte, é o símbolo brasileiro mais conhecido no mundo. Mais do que uma voz, foi um fenômeno do show business norte-americano. Aportando nos Estados Unidos no início da Segunda Guerra Mundial, representou vivamente a terra desconhecida e exótica, cheia de coqueiros, bananas, abacaxis, atendendo às necessidades fantasiosas e consumistas do povo norte-americano e alcançando a glória e a fortuna. De volta ao Brasil, depois de um ano ausente, foi recebida sob vaias em um show no Cassino da Urca, que abriu cantando South American Way. Em resposta bem-humorada ao público, lançou logo em seguida novo show, “Disseram que Voltei Americanizada”, de Vicente Paiva e Luiz Peixoto. Nascida Maria do Carmo Miranda da Cunha, em Marco de Canavezes, em Portugal, veio com 1 ano para o Rio de Janeiro. Depois de apresentar-se em bares cariocas interpretando Carlos Gardel, aos 20 anos gravou seu primeiro disco, com músicas como “Não Vá Sim'bora” e “Se o Samba é Moda”, de Josué de Barros, e se apresentou pela primeira vez no rádio, com “Iaiá Ioiô”, também de Josué de Barros. Tornou-se famosa ao gravar a marcha carnavalesca “Pra Você Gostar de Mim” (Taí, 1931), de Jubert de Carvalho, que vendeu mais de 35 mil discos. Em meio aos foliões, participou, em 1933, de seu primeiro longa-metragem, o documentário “A Voz do Carnaval”, de Adhemar Gonzaga e Humberto Mauro. Seu último filme no Brasil foi lançado às vésperas do Carnaval de 1938: “Bananas da Terra”, de João de Barro, no qual interpretou pela primeira vez a música “O que é que a baiana tem?”, de Dorival Caymmi, lançando definitivamente para o sucesso tanto o compositor como sua baiana estilizada. Embarcou com o grupo Bando da Lua para os Estados Unidos, em 1939. Estreou na Broadway, cativando de imediato a crítica e o público norte-americanos. Quatro anos depois, fez seu melhor filme, “The Gang's All Here” (1943), dirigido por Busby Berkeley, no qual faz o número mais famoso: “The Lady in the Tutti-Frutti Hat”, cantando num cenário tropicalíssimo, com bananas gigantescas se movendo. Morreu no dia 5 de agosto de 1955, aos 46 anos de idade, vitimada por um ataque cardíaco. fonte: http://biografias.netsaber.com.br )
botando a cabeça na boca do leão

encaro
o teu olhar
mesmo sabendo
do desafio:

nem te decifro,
nem me devoras
e a vida segue
seu curso
no outro lado da rua.

© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”
Arte: "Paisagem Brasileira", de Lasar Segall
LASAR SEGALL
1891 – 1957


Lasar Segall, artista plástico lituano, naturalizado brasileiro, nasceu em Vilna, Lituânia, no dia 21 de julho de 1891 e morreu em São Paulo, no dia 2 de agosto de 1957. De família judia, desde cedo manifestou interesse pelo desenho. Iniciou seus estudos em 1905, quando entrou para a Academia de Desenho de Vilna. No ano seguinte, mudou-se para Berlim, passando a estudar na Academia Imperial de Berlim, durante cinco anos. Mudou-se, a seguir, para Dresden, estudando na Academia de Belas Artes. Em fins de 1912, Lasar Segall veio ao Brasil, encontrando-se com seus irmãos, que moravam aqui. Realizou suas primeiras exposições individuais em São Paulo e em Campinas, em 1913, mas regressou à Europa. Fundou, com um grupo de artistas, o movimento "Secessão de Dresden", em 1919, realizando, a seguir, diversas exposições na Europa. Segall mudou-se para o Brasil em 1923, dedicando-se, além da pintura, às artes decorativas. Criou, entre outros, a decoração do Baile Futurista, no Automóvel Clube de São Paulo, e os murais para o Pavilhão de Arte Moderna de Olívia Guedes Penteado.
O Museu Nacional de Arte Moderna preparou um grande retrospectiva de sua obra em 1957, em Paris. Lasar Segall morreu nesse mesmo ano, de problemas cardíacos, em sua casa, aos 66 anos.
Foi aqui, que segundo ele, “conheceu o milagre da luz e da cor”.


da marca eterna

das marcas
que o tempo não apaga
a que dói mais
é a cicatriz
do sonho desfeito

ninguém vê
mas marca para sempre.

© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”