sexta-feira, abril 28, 2006

FERNANDO PESSOA by adebach
A minha homenagem ao grande poeta português, que me apareceu assim numa das minhas incursões pela arte digital numa madrugada qualquer de 2005
Técnica: Fractal - Programa utilizado: Apophysis

quarta-feira, abril 26, 2006

MONA LISA
Num dia desses falei aqui da minha coleção de versões de Mona Lisas, uma eterna paixão de todos aqueles que se dedicam à arte digital. Ainda não fiz a minha versão, mas gasto algumas das minhas horas de insônia procurando novas versões (no google há 15.600.000 sites sobre ela). Esta é uma das minhas preferidas. Infelizmente desconheço o nome do autor. Se alguém souber, me socorra.
dos desencontros

te ver
todos os dias

te querer
todas as horas

não te ter
um mísero instante
sequer...

® Ademir Antonio Bacca
* do livro: “Pandorgas ao Vento”


A BARCA DO TEMPO

® adebach/2005 - Técnica: Fractal - Programa utilizado: Apophysis

POEMAS QUE GOSTO (19)

LITURGIA

J. G. DE ARAÚJO JORGE

Minha catedral é a Noite com os vitrais surrealistas das nebulosas,
ciclópicos vitrais!
— e os feixes claros do luar são o espírito ático de colunas imateriais,
sustentando fantásticas ogivas;
o altar são as montanhas; as estrelas são lâmpadas votivas
sempre trêmulas, sempre vivas,
acesas toda noite para velar as imagens que rondam cá em baixo
na terra...

E o meu deus, - não tenho deus!... mas nessa extraordinária religião,
quando me faço um missionário,
o Sol, - é esse deus humanitário
onde tudo se encerra,
rezando para todos os homens a missa campal do dia
dos que trabalham a terra!

Nessa verdade eu creio, com essa luz eu me aqueço,
com esse verbo me embalo,
os meus símbolos são os pássaros, as nuvens, os ventos, as fontes,
que são livres!
— e os horizontes!

— É esse o idioma que falo!
a tua é lembrança
que se esvai à luz de velas

devagar,
doendo cada instante lembrado,
sangrando cada milímetro
de pavio queimado

a tua é lembrança
que eu queria que se fosse
com a pressa das águas dos rios

mas te vais devagar,
sem pressa nenhuma de ir,
deixando que eu me consuma
num fogo interior

à luz de velas.

® Ademir Antonio Bacca
* do livro: “Pandorgas ao Vento”
insensatez

eu navego
em ti
o desejo insano
que me persegue
anos a fio.

nas águas perigosas
do teu cio
eu me deixaria afogar
de vez.


® Ademir Antonio Bacca
* do livro: “Pandorgas ao Vento”
dos males

me arrebento por dentro
todos os dias.

gestos que sufocam,
atos que maltratam.

ah! dor tão doída,
tão sangrada
que me mata sem pressa.

me arrebento todos os dias
de paixão.

por ti.


® Ademir Antonio Bacca
* do livro: “Pandorgas ao Vento”

terça-feira, abril 18, 2006

PETAR PISMETROVIC


Além da poesia, da arte digital e dos fractais, também coleciono citações, Mona Lisas (tenho mais de quatrocentas versões) e caricaturas, esta a minha maior coleção, já passando das vinte mil. Entre meus caricaturistas preferidos está o iuguslavo PETAR PISMETROVIC, atualmente residindo na Áustria. Dono de um traço maravilhoso, é também um dos mais respeitados cartunistas da imprensa mundia. E dentre todas as minhas caricaturas, a mais sensacional, sem dúvidas, é esta que ele fez do ator Clint Eastwood.

quarta-feira, abril 12, 2006

VÔO MIGRATÓRIO © ADEMIR ANTONIO BACCA
Técnica: Fractal - Programa utilizado: Ultrafractal 3
dos rituais


celebrar a palavra
todos os dias

armar o dia
de todas as palavras

abrir os olhos
para todos os sentidos

celebrar o amanhecer
de cada sonho
com todas as palavras.


© Ademir Antonio Bacca
do livro: “Pandorgas ao Vento”
POEMAS QUE GOSTO (18)

MULHER DE MINUTOS

Não sou mulher de minutos
Daquelas que os segundos varrem
Para debaixo do tapete sujo
Não pinto os cabelos de fogo
Nem faço tatuagem no umbigo
Me recuso a usar corpetes e cinta-liga

Há sementes em meu ventre
São poemas que ainda não reguei
Prefiro guardá-los em silêncio
Até que o vento amadureça meus segundos
E a vida me contemple com seus frutos

Não borro meus cílios na solidão da noite
Nem pinto meu rosto com a palidez das manhãs
Meu corpo é feito de marés
Onde navegam mil anseios
Veleiros em direção —
Estou sempre na contramão

® MONICA MONTONE
DO LIVRO “Mulher de Minutos”
DE ÍNDIOS & MENDIGOS*


A carne
do índio pataxó
arde vergonhosamente

em chamas
nas páginas de jornais
dos quatro cantos do mundo.

O cheiro da tragédia
incomoda narizes neo-burgueses
acostumados a Chanel nº 5.

Fede mais
que a carne queimada
do índio Galdino,
o cheiro da indiferença
dos seus assassinos.



* A propósito da desculpa “A gente pensava que era um mendigo”,

dada pelos jovens que queimaram, em Brasília no ano de 1997,
o índio pataxó Galdino justamente no dia do índio.


© Ademir Antonio Bacca
Arte: "Meninos Soltando Pipas" © Cândido Portinari

PANDORGAS

paixões
são pandorgas

ousadas
entregues ao vento
refreadas
nas mãos que seguram o fio

pandorgas são paixões
nas mãos de um menino
rompendo os limites do sonho


© Ademir Antonio Bacca
do livro: “Pandorgas ao Vento”
FERIDO DE MORTE

me deixe quieto
no meu canto

não toque no rádio
não mexa na ferida
nem provoque o sonho

deixe a noite
acontecer sem pressa

não fale meu nome
não atravesse a ponte

fique onde estás
e me deixe entregue
ao meu silêncio.

hoje,
eu calo por nós dois.


© Ademir Antonio Bacca
do livro: “Pandorgas ao Vento”

Arte: Cancha Reta / Ademir Bacca - Técnica: Fractal - Programa utilizado: Ultrafractal 3

domingo, abril 09, 2006

POEMAS QUE GOSTO (17)

EPITÁFIO PARA UM POETA

OCTAVIO PAZ
(1914-1998)


Quis cantar, cantar
para não lembrar
sua vida verdadeira de mentiras
e recordar
sua mentirosa vida de verdades.

(Tradução: JOSÉ WEIS)
de paixões & distâncias


porque a paixão tem essa
de correr riscos,
me aventuro em vôos cegos
de qualquer trapézio

porque a paixão tem essa
de ser inconseqüente,
não quero saber de amores
que não façam meu coração
querer sair pela boca.

habita em mim o gosto pelo perigo
e então equilibro a paixão no fio frágil
que teus olhos estendem
entre a distância que separa
o teu corpo
do meu,

fecho os olhos
e vôo.


© Ademir Antonio Bacca
do livro: “Plano de Vôo”


APAIXONADO

® ADEBACH/2003 - Técnica: Fractal - Programa utilizado: Ultrafractal

Minha homenagem à memória de GEORGE SAVALLA GOMES, o CAREQUINHA (1915-2006)
Fragilidade

Brinca a criança
com o dedo no gatilho
de uma arma inexistente
enquanto o encanto se faz mistério
mal se acenda a primeira luz
no picadeiro.

Dança a bailarina a sua música triste
num palco imaginário à meia-luz
enquanto prostitutas vagam em bandos
pelas ruas vazias em busca de um porto
para a sua solidão sem homem.

Ah! Os mistérios deste circo de incertezas
que faz brincar com o encanto a bailarina
e os operários e malabaristas de corpos cansados
sem sequer imaginarem o mistério
que faz da vida um brinquedo frágil,
criança tão fácil de se quebrar.


© Ademir Antonio Bacca
do livro: “O Trágico Circo Cotidiano”

sábado, abril 01, 2006

Viajo
no teu corpo
caminhos
nunca imaginados

Delírios
de náufrago à deriva
em noites de temporal.

Viajo em ti
sonhos de uma ternura
nunca sentida.


© Ademir Antonio Bacca
* do livro: “Pandorgas ao Vento”
POEMAS QUE GOSTO (15)


GEÓRGIA DE ALBUQUERQUE E ALCÂNTARA


ou amnésia, ou ressaca:
- a escolha é pessoal e intransferível

esqueça em cima da mesa do bar
as revelações de alguns flashs
as etiquetas das nossas costuras
a incompetência do que se chama amor

dê de gorjeta ao garçon
o soluço das muitas neuras
as respostas que nos consomem
as mordaças que nos diluem
a esperança que exorciza
o personagem que resiste

ou

brinde em derradeiro gole
tudo aquilo que inventamos
em dose letal
o nosso próprio veneno
que lateja goela abaixo
engasgando nossos silêncios